Tudo
começou há muitos anos atrás, era ele um jovem Padre, mas Anglicano.
O
país atravessava mais uma crise económica e começaram a surgir pela Igreja,
sobretudo à noite, várias pessoas, almas perdidas.
Não
eram praticantes, não tinham sido
educados na fé cristã. Pouco sabiam de religião, ou sobre a Igreja em que
entravam.
Deparavam
com um edifício antigo, de tectos altos, filas alinhadas para os fiéis direccionadas
para o Altar.
Mais
do que consolo, queriam esperança. Convenciam-se que para recomeçar com as suas
vidas, tinham primeiro de confessar os seus pecados, ser perdoados.
Viam-no
com o traje de padre e exigiam que os ouvisse. Alguns levavam a mal quando
tentava explicar-lhes onde estavam. Não havia ali sequer um confessionário, os
protestantes não se confessam a um Padre, mas a Deus. Havia outros tão surdos à
razão que nem esperavam para despejar um ou outro pecado. Não lhes podia dar a
absolvição mas guardava os seus segredos.
Foi-lhe
permitido exercer outra profissão e a ironia que sempre o definira levou‑o a
enveredar pelo entretenimento como humorista.
Levava
aquilo a que assistia no Clube para a Igreja. Conseguiu que os seus sermões
chegassem melhor aos crentes.
E
fez também o contrário. Passou por episódios estranhos, e gosta de lembrar
alguns. Como o grupo a quem mais uma vez tivera de negar a confissão e
encontrou à noite no Clube onde se estreava. Não se riram das anedotas que
escolheu contar até inventar uma onde eles entravam. Aí riram meio a medo.
Terão ficado convencidos que afinal ele não era Padre de todo e deixou que
assim pensassem.
Um
dia, se não fosse pelo segredo da “confissão” a que se obrigara, gostaria de
escrever um livro em que contasse tudo o que lhe acontecia, nos dois mundos, do
sacerdócio e do entretenimento.
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