quarta-feira, agosto 29, 2018

Post 6823 - Desafio de Escrita (6/10) O assalto

Um homem abre a carteira e dela retira um cartão que lhe entrega:
- “Se depois se lembrar de mais alguma coisa ligue-me.”
Viu-o afastar-se com o colega, os dois Inspectores da Polícia Judiciária. Imaginava que seriam diferentes, que não seria possível confundirem-se com qualquer pessoa. Mas também imaginava que um criminoso, um homicida, o deveria ser.
Seremos todos iguais ou estarei em choque?
 Aquela parecia uma madrugada igual às outras.
Parara na Confeitaria Doce para o seu habitual galão e meia torrada.
Àquela hora, não era raro ser a única cliente. O Lucas veio à sua mesa trazer-lhe o pequeno-almoço sem que tivesse de o pedir.
Ouviu a porta abrir-se atrás de si. Registou-o sem pensar nisso, depois é que respondeu que teria pensado ser outro cliente. Nada de estranho.
 Logo a seguir, o som, o tiro, a tornar silencioso tudo o demais, a cortar o tempo, a separá-la para sempre do que deveria ser um dia normal.
 Pareceu-lhe que ao mesmo tempo viu o Lucas a ser atingido, o olhar espantado de quem como ela estaria a viver uma manhã comum até àquele instante.
Ela baixou-se como se o tecto estivesse para lhe cair em cima e virou-se
Viu-o. Viu-lhe a arma e congelou. Não gritou. Não fugiu. Ele poderia ter atirado de novo. Não o fez. Saiu.
Foi então que começou a gritar, “ajudem-me”. Pessoas entraram, não sabia se pelos seus gritos. Depois, veio o Inem, a Polícia e a PJ.
Falaram de um assalto falhado, mas não podia ser. Ele nem falou, não exigiu dinheiro. Entrou e disparou.
Agora como estava, suja de sangue, nervosa, e pelo que era, jovem, não a levavam a sério. Mas devia ao Lucas tentar que investigassem sem aquele preconceito.
Talvez pela Internet pudesse identificar ou atrair o homicida.
Decidiu fazê-lo.

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