Um homem abre a
carteira e dela retira um cartão que lhe entrega:
- “Se depois se lembrar
de mais alguma coisa ligue-me.”
Viu-o afastar-se com o
colega, os dois Inspectores da Polícia Judiciária. Imaginava que seriam
diferentes, que não seria possível confundirem-se com qualquer pessoa. Mas
também imaginava que um criminoso, um homicida, o deveria ser.
Seremos todos iguais ou
estarei em choque?
Parara na Confeitaria
Doce para o seu habitual galão e meia torrada.
Àquela hora, não era
raro ser a única cliente. O Lucas veio à sua mesa trazer-lhe o pequeno-almoço
sem que tivesse de o pedir.
Ouviu a porta abrir-se
atrás de si. Registou-o sem pensar nisso, depois é que respondeu que teria
pensado ser outro cliente. Nada de estranho.
Ela baixou-se como se o
tecto estivesse para lhe cair em cima e virou-se
Viu-o. Viu-lhe a arma e
congelou. Não gritou. Não fugiu. Ele poderia ter atirado de novo. Não o fez.
Saiu.
Foi então que começou a
gritar, “ajudem-me”. Pessoas entraram, não sabia se pelos seus gritos. Depois,
veio o Inem, a Polícia e a PJ.
Falaram de um assalto falhado,
mas não podia ser. Ele nem falou, não exigiu dinheiro. Entrou e disparou.
Agora como estava, suja
de sangue, nervosa, e pelo que era, jovem, não a levavam a sério. Mas devia ao
Lucas tentar que investigassem sem aquele preconceito.
Talvez pela Internet
pudesse identificar ou atrair o homicida.
Decidiu fazê-lo.
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