Chegámos um pouco atrasados, a apresentação é no segundo andar e de lá ouve-se um solo de saxofone, "can´t help falling in love with you" e logo depois "somewhere over the rainbow" (acho, na altura reconheci as músicas, agora já não tenho a certeza se seriam estas ou se estou a trocá-las).
Após a música, escutei alguns autores, e estava lá a mais nova de sempre, com dez anos idade, pude trazer os exemplares que tinha reservado e encontrei uma amiga de Serralves e da blogosfera - tem o blogue Mariana ou http://olamariana.blogspot.pt/
Já cá fora dois senhores comentam o letreiro que anuncia o agora renovado Café Progresso como o mais antigo do Porto, um deles diz que esteve naquele que era publicitado como o mais antigo de Londres, mas também não o era.
Noite
de Natal
Quando
tinha dez anos, no primeiro período, tive como trabalho para casa uma
composição sobre o Natal.
Queria
escrever uma redacção que fosse original e não sei se pedi ajuda à minha mãe ou
se apenas lhe falei nisso e ela ofereceu-se para me ajudar (a minha mãe, minha
e das minhas irmãs, é a melhor mãe do mundo).
Lembro
só em parte o que escrevi. Lembro-me que a minha professora de português gostou
do texto, e ficou com a ideia que eu sabia escrever, que pude confirmar depois
com outras composições em testes sem ajuda.
Este
Natal vai ser o primeiro sem a minha mãe e queria ser capaz de reconstruir esse
texto, o que vou tentar fazer, também porque em cada dia e especialmente nesta
época, seria bom sentirmos como presentes todos aqueles de quem gostamos.
Estávamos
na época do Natal.
Diminuíam
as horas com luz do sol, parecendo que os dias ficavam mais pequenos, mas a
noite era iluminada na cidade pelas luzes nas ruas e lojas.
A
alegria de muitos aquecia e afastava o frio que crescia enquanto se aproximava o Inverno.
Notava-se
uma pressa animada nas compras de prendas e nas viagens que juntavam famílias e
amigos na celebração.
Na
casa deles, havia uma árvore de Natal, comida e prendas.
Parecia
tudo igual a anos anteriores, mas sabiam que era diferente.
Seria
o primeiro Natal que passariam apenas os dois, pai e filho.
Sem
falarem sobre isso, esforçavam-se os dois por esconder a tristeza, porque não queriam
entristecer o outro, como se fosse possível esquecerem a falta que estava
sempre presente.
Mas
na noite de Natal, não foi mais possível fingir que estavam bem. Nenhuma prenda
foi capaz de alegrar o filho que a custo não chorava.
O
pai resolver então falar com ele.
Levou-o
até à janela.
Lá
fora estava uma noite linda que deixava ver as estrelas.
O
pai pediu-lhe para escolher a estrela mais brilhante.
Perguntou-lhe
depois se era capaz de a ver durante o dia.
O
filho respondeu-lhe, como já sabia, do alto dos seus oito anos, que não.
Durante o dia, vê-se o sol, não se vêem outras estrelas, mesmo aquela mais
brilhante.
Contou-lhe
então o pai que a mãe era como aquela estrela. Estava sempre ali, mesmo que ele
não a conseguisse ver, estaria olhando para ele, olhando por ele.
O
filho pôde refugiar-se no abraço do pai, lembrar e falar da mãe com ele.
Chorar
e dividir a tristeza fez com que não se sentissem sozinhos.
E
na casa deles foi também Natal.
Olá, Gábi! Fiquei muito contente quando te vi no Café Progresso, no lançamento do livro de contos de Natal.
ResponderEliminarTambém gostei muito do teu conto. Feliz Natal!
Beijinho
Dolores (Mariana)
Obrigada Dolores
ResponderEliminarum grande beijinho para ti e Feliz Natal