Não
foi quando a mulher começou a adormecer no meio das conversas.
Nem
quando lhe deu a notícia, a boa notícia
Tinha
deixado a vida acontecer. Casou com a sua namorada da escola. Os mesmos amigos
e familiares que perguntavam antes quando era o casamento, passaram a perguntar
quando vinha um filho. Essa era a vontade da Emília. Estava feliz quando lhe
anunciou.
Acompanhou-a
nas consultas, viu o filme das ecografias, sombras a preto e branco, o bater de
outro coração mais apressado.
Enquanto
a barriga lhe crescia, respondeu-lhe que sim, que sentia os pontapés.
Esforçou-se
por ser solidário quando ela não encontrava posição na cama.
Quando
chegou o dia marcado, já sabiam que tinha de ser por cesariana. Estava
preocupado, mas foi tudo bastante rápido, sem complicações.
Enquanto
ela recuperava da anestesia, trouxeram o bebé, vermelho e enrugado.
Saíram
do Hospital com ele a segurar o cesto, enquanto a amparava até ao carro.
Também
ele passou então a adormecer no meio de conversas porque deixaram de conseguir
dormir mais que três ou quatro horas seguidas.
Mudou
fraldas, deu o biberão e o banho.
Quase
de um dia para o outro, começou notar as diferenças. Via como ele crescia.
Passou a segurar a cabeça, a sentar-se. Reconhecia-o. Sorria. Logo depois dos
primeiros passos, queria correr para vir ter com ele.
Deu
por si a acordar de manhã, a vir para casa no final do dia, e o primeiro que
queria ver, passou a ser ele.
Não
foi quando soube, não foi quando ele nasceu ou quando o trouxeram para a casa.
Mas,
sem se aperceber, descobriu-se pai.
Entretanto
tratou de o inscrever como sócio do seu clube futebol e de arranjar as t‑shirts
a condizer “father” e “son”. Brevemente, em dois ou três anos, passariam a ir juntos
à bola.
Muito bonito Gabi.
ResponderEliminarUm sentimento que se foi construindo com o tempo
Abraço e bom fim-de-semana
obrigada Elvira
ResponderEliminare muito obrigada pela companhia e pela força aqui
um beijinho