Apetece-me
dizer-te que me vou embora, ser eu a dizê-lo, agora que sei que chegou a hora.
Olho
para ti em silêncio. Antes queria que nos meus olhos lesses a súplica para te
lembrares de mim. Agora penso que não deveria ter esperado nada.
Fomos
companheiros nos bons e maus momentos. Era comigo que desabafavas as penas e os
medos. Era a mim que abraçavas quando estavas feliz.
Embora
também nessa altura me escondesses.
Pensei
primeiro que o fizesses para me proteger ou nos proteger. Os outros não
saberiam compreender a nossa amizade, disseste-me uma vez, e fixei esse teu
desabafo.
Mais
tarde comecei a desconfiar que talvez fosses tu que te envergonhavas de mim, de
nós.
Pouco
a pouco distanciavas-te. Não me procuravas como antes. Deixámos de nos divertir
juntos, deixaste de me contar o que se passava contigo quando não estávamos
juntos, o que te preocupava, ou sentias.
Só
de vez em quando me concedias alguns minutos, mas agias de forma diferente,
desligado e desinteressado, descrente e apressado.
Os
dias cresceram para semanas e estas para meses sem que me procurasses.
Percebi
que também tu deixaste de me ver. Cresceste e deixaste-me para trás. Ter‑te-ás
esquecido de mim?
Apetece-me
dizer-te que não serei mais teu amigo, mas apercebi-me que não me vais ouvir,
como também já não me vês.
Continuo
a acreditar que a amizade é eterna e os verdadeiros amigos nunca o deixam de o
ser.
Por
isso, mesmo que porque também tu já me vês, tenha ficado ainda mais invisível,
vou continuar teu amigo e ficarei à espera que um dia possas voltar a ver‑me.
Como sempre um texto muito bom.
ResponderEliminarAbraço
Muito obrigada Elvira
ResponderEliminarum beijinho