Ela
era absolutamente extraordinária e desde o início ele teve essa percepção. Como
um furacão que levava tudo à frente, um terramoto que virava tudo de pernas
para o ar e mal lhe deixava tempo para respirar, quanto mais para pensar sobre
o que estava a suceder.
Foram
namorados, amantes, talvez amigos, durante seis meses. Ele pensava que seria
ela a terminar, tal como tinha sido dela a iniciativa no seu envolvimento. Quando
finalmente sucedeu, surgiu como mais uma consequência do turbilhão que ela era.
Arranjou um trabalho no exterior, iria ficar em casa de amigos. Não mentiram um
ao outro com a ilusão que poderiam manter-se ligados. Tinham aspirações
diferentes para o futuro. Ela queria continuar a descobrir o mundo. Ele queria
estabilidade. Foi para ele um descanso e um alívio a despedida. Sabia que a
leve melancolia que o envolveu cedo se dissiparia. Teria finalmente tempo para
pensar, e seguir outras actividades mais tranquilas que preferia.
Ao
olhar para trás pensou com incredulidade no momento que nela mais o
surpreendera. Não fora a sua energia ou dispersão, mas um momento de pausa. Ela
de patins que lhe davam a velocidade pretendida, subira de algum modo para um
semáforo. De lá de cima, olhou para as pessoas sob os seus pés e sorriu para
ele. Pareceu-lhe feliz pelo que contemplava a seus pés, o mundo em que iria
emergir e confundir-se. Mas durante aqueles breves instantes em que trocaram um
olhar e ela lhe sorriu, foi como se ela se despisse para ele, lhe dissesse
“esta sou eu, vê-me”. Só por um instante, aquele instante, sentiu que eram um
do outro, mas que no tempo que levava a mudar o sinal do vermelho para o verde,
se separariam, e deixaria de a ver no meio da multidão.,
Um texto muito bonito e muito bem escrito.
ResponderEliminarUm abraço
Muito obrigada Elvira
Eliminarum beijinho