Viu-o
pelo canto do olho, enquanto esperava pelo autocarro. Nesse preciso momento
também ele resolveu olhar para ela. Viram-se e viram-se a olhar um para o
outro. Ana desviou o olhar, fez questão de não voltar a olhar para ele, tentou
parecer distraída, alheada do que a rodeava.
Pedro
pensou que ela era gira, que queria ir ter com ela, conhecê-la, mas nada lhe
ocorria para início de conversa. Talvez fingir que estava também na fila e
queixar-se do tempo de espera. Só que nesse instante chegou o autocarro. Ia
perdê-la. Ana subiu para o autocarro. Pedro nem pensou, subiu também.
Lá
dentro, ela conseguiu um lugar sentado, ficou virada para a janela. Entretanto
ele agarrava-se à vara no alto, lutava para manter o equilibro e para encontrar
algo que dizer. A senhora ao lado de Ana levantou-se. Pedro pensou que seria a
a sua oportunidade, mas uma senhora baixinha, com uma barriga redondinha foi
mais rápida. Estará grávida? Melhor não indagar e deixá-la com o lugar.
Poderia
falar no tempo, perguntar-lhe se não se tinham visto antes. Não tinham, ele
tinha a certeza.
Ana
levantou-se para dar o seu lugar a outra senhora, esta tinha que estar grávida
e talvez de gémeos.
Iria
ter agora a sua oportunidade? Pensou interpelá-la com “Não és amiga do Pedro?”
Quando ela negasse, responder-lhe-ia “eu sou o Pedro e gostaria que fossemos
amigos” mas percebeu então que ela ia sair.
Ana
saiu e ele seguiu-a. Ainda vai pensar que sou um perseguidor. Espera aí, até
estou a sê-lo.
Ana
entrou numa livraria. Estava a olhar para os livros em destaque. Pedro dirigiu-se
para ela, parou ao seu lado, ia falar, mas ela falou primeiro: “Conheces a Ana?
Negou, e ela retorquiu-lhe a sorrir: “sou eu”.
E
não é que eram mesmo almas gémeas?
Elas existem, não é mesmo?
ResponderEliminarUm texto muito bom.
Abraço
Muito obrigada Elvira :)
Eliminarum beijinho
Bonito texto. Que bom haver encontros felizes.
ResponderEliminarBeijinho
Dolores
Gosto de encontros assim :)
Eliminarum beijinho
Sabes que à medida que o tempo vai passando e vais escrevendo novas coisas, eu tenho-te notado uma acentuada evolução !?...
ResponderEliminarAdorei esta breve passagem no autocarro, Gábi !
Muito obrigada Rui!
EliminarFiquei feliz com o que disseste e é um grande incentivo para continuar
um beijinho
Se bem que eu prefira histórias com finais enigmáticos e/ou em aberto, mas preferências tal como gostos não se discutem, pelo que resta-me constatar: _ "Um olhar", como toda uma história, com final feliz, em poucas palavras!
ResponderEliminarA partir das pequenas, nascem as grandes histórias...
Parabéns e a continuar
Muito obrigada Victor Barão :)
Eliminarum beijinho