Único
rapaz entre quatro raparigas, as irmãs eram da mãe, ele, cada vez mais, a cópia
do pai.
Os
seus pais eram de mundos diferentes que de quando em quando convergiam numa
aparente harmonia.
A
mãe prática, não entendia nem aceitava as ideias do marido, mas deixara de se
insurgir por ele sacrificar-lhes a vida em família. O pai acreditava que lutar
por um mundo melhor era também lutar pela família. Queria que fossem livres de
pensar por si próprios.
Viu
as filhas seguirem o caminho da mãe, ocupadas com vestidos e fitas, namoros e
maridos, mas revia-se no filho que adorava.
Rafael
cresceu protegido e feliz. Tinha o afecto dos pais e das irmãs e no pai
encontrava ainda o incentivo para prosseguir nos seus estudos, ir mais além,
questionar a doutrina assente, pensar por si mesmo, tal como o pai queria.
Foi
para a faculdade longe, mantendo-se confiante e popular; Passou por várias
paixões até sofrer a última, Laura, esposa infiel e indecisa que seduzia para
se assegurar que continuava desejável, e no fim ficava sempre com o marido
desinteressado e distante.
Foi
uma paixão que o desgastou. Investiu tudo na conquista para no final sair
derrotado, pior ainda por perceber que se iludira. Laura não o amava,
revelava-se incapaz de amar outro, além de si própria, ou, nem isso.
O
tempo passou e viu-se só e envelhecido.
Regressou
a casa. Queria reencontrar a protecção e felicidade que recordava. A mãe e as
irmãs ocupadas com os netos e filhos pareciam-lhe ser de outro planeta. E não conseguia
encontrar o pai perdido de si mesmo devido ao Alzheimer.
Decidiu
partir.
Ao
despedir-se do pai, por instantes, viu de novo os seus olhos doces, julgou ouvi‑lo
dizer “meu menino”. Adivinhou-lhe as feridas iguais e levou-as consigo,
juntando-as às suas.
Muito bom, Gábi !
ResponderEliminarObrigada Rui :)
Eliminarum beijinho
Excelente, Gábi. Cada vez estás mais segura e afinadinha. :) Adorei!
ResponderEliminarBeijinhos
Obrigada Janita :) gosto destes desafios e estou a conhecer melhor como é que escrevo (e como gostaria de escrever).
Eliminarum beijinho
Gostei muito!
ResponderEliminarBeijinho Gabi
Obrigada Adélia :)
Eliminarum beijinho
Para começar o ano em beleza.
ResponderEliminarBom Ano de 2017!
Beijinhos
Bem...na verdade este foi mais para terminar o ano, que foi quando o escrevi :)
Eliminarobrigada, Bom Ano de 2017 também e um beijinho
uma narrativa deliciosa
ResponderEliminarum super feliz ano novo
Muito obrigada Alfacinha
EliminarUm super feliz ano novo também :)
Gostei muito, mas não percebi onde está o desafio. Foste desafiada ou estás a desafiar? E a quê?
ResponderEliminarBeijocas e bom ano!
São dez textos para um concurso de escrita criativa, um por semana, este foi o último, estou a pensar participar no próximo e vou ver se ponho aqui um post com o link para se mais alguém quiser participar :)
Eliminarobrigada, bom ano também e um beijinho
Excelente conto. A vida por vezes pode ser bem difícil.
ResponderEliminarDesejo-lhe um Bom Ano.
Beijinhos
Maria
Obrigada Maria Rodrigues e estou plenamente de acordo.
ResponderEliminarUm Bom Ano também e um beijinho
Gábi
É uma história triste. Mas a vida é feita delas.
ResponderEliminarTalvez o filho consiga dar a volta e o pai teve a felicidade de ter aquele filho...
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