Se fosse pintora e pensasse em pintar um quadro, tentaria
pintar a casa. A dos seus pesadelos, a que mesmo sem querer a assombra, sempre
que se esquece de não se permitir lembrar.
Era tão jovem então. Tinha terminado o liceu. Não pensava, como
algumas das amigas em ingressar na universidade e tinha o verão à sua frente.
Como nos outros anos, iam passá-lo à aldeia, na casa dos avós paternos. Depois,
pensaria em arranjar um emprego, talvez como modelo ou hospedeira porque lhe
diziam que era bonita e era também o que via na atenção dos homens e lhe dizia
o espelho.
Acordavam tarde, iam para a praia no rio, levando sandes.
Regressavam para se arranjarem e voltarem a sair, para festas de garagem.
Reencontrou o Pedro, continuando sem gostar dele por o
achar convencido, mas gostou que ele a escolhesse. Um pouco mais velho, com
carro, combinou ir buscá-la a casa para irem a uma festa longe.
No regresso, em noite de trovoada de verão, o carro avariou.
Estavam perto da casa dos tios dele, meio abandonada desde
que há anos o primo desaparecera.
O Pedro desactivou o alarme e entraram. Levou-a para a sala,
mas não acendeu as luzes, apenas uma pequena de presença que incidia sobre um
quadro em destaque no meio da sala. Ele disse-lhe para olhar para a tela. “Tem
um segredo, apenas alguns o conseguem ver, não aparece em fotografias e ninguém
descobriu ainda como foi feito, que efeito de luz faz com alguns vejam e outros
não, mas não te posso dizer o que é porque se o fizer, já não o conseguirás
ver. Olha bem para ele e vê em que grupo estás enquanto vou buscar algo para
bebermos.
Olhou com mais atenção Era uma pintura de uma casa, daquela
casa em noite de tempestade. Dois raios atravessavam o quadro e caíam sobre a
casa. Lá fora um raio iluminou a noite. Ela estava a olhar para a casa, para as
janelas escuras e assustou-se. Numa janela do segundo andar pareceu-lhe ver um
rosto, um homem que lhe disse "foge".
E ela fugiu.
Começaram então os pesadelos.
Até que uma noite voltou à casa. Entrou
por uma janela aberta e dirigiu-se à sala. Levara consigo uma faca e estraçalhou
o quadro.
Diagnosticaram-lhe um ataque‑de‑nervos e
foi internada.
Soube depois que o primo do Pedro,
chorado como morto pelos pais, tinha aparecido.
Impressionante! Desconhecia que possuías tanto talento para escrever este género de histórias, Gábi!
ResponderEliminarQuanto mistério e suspense num texto tão curto! Gostei muito.
Estive a ler o teu conto que foi seleccionado para a Colectânea e fiquei encantada.
Parabéns, Gábi. Escreves com uma imaginação brilhante!
Beijinho e boa semana.
Gostei muito, querida Gábi. Com muito suspense à mistura, como eu gosto :)
ResponderEliminarBeijinho
Queres que seja teu empresário, Gábi?
ResponderEliminarMuito bom o que li.
Beijinho
Mas que maravilha, Gábi!
ResponderEliminarQue maravilha.
Estará ela a lembrar-se ou a ter um pesadelo? Ou será que se lembrou depois de mais um pesadelo? Que história bem contada! Até estremeci levemente. :)
ResponderEliminarMuito obrigada, Janita e porque gosto muito de como escreves, fiquei muito feliz com as tuas palavras :)
ResponderEliminarum beijinho, obrigada e uma boa semana também :)
Muito obrigada, querida Miss Smile, e o que escrevi em cima também se aplica aqui :)
um beijinho e uma boa semana´
Está combinado Observador :) se algum dia conseguir escrever um livro :)
Muito obrigada e um beijinho
Muito obrigada Susana e também aqui se aplica o que escrevi em cima,
um beijinho
Muito obrigada Luísa e também se aplica o que escrevi em cima :) vou guardar estas críticas positivas com incentivo para me preparar para outras :)
um beijinho
Muito bom este teu conto(?) e muito interessante. Adorei (é um cliché e todavia é verdade).
ResponderEliminarFiquei curioso para encontrar essa tal Colectânea onde deixas-te outro fruto da tua imaginação.
Beijokas com sorrisos ;))
Obrigada Kok :)
ResponderEliminarA Colectânea irá ser publicada em princípio em Setembro.
um beijinho com um sorriso :)
Pois olha, achei muita piada a este mini-conto e também gostei dooutro que vai entrar na colectânea: parabéns! :)
ResponderEliminarDe caminho, ficaram-me os olhos num cheesecake... nham, nham!
Muito obrigada Teté :)
ResponderEliminarum beijinho
Gábi