Casais
Esperam os dois no corredor. Cada um com o seu advogado. Não se olham, nem falam um com ou outro.
Ela pensa, pelo menos ele não trouxe para aqui a outra. Ele põe-se a imaginar se ela já terá arranjado alguém e sem saber porquê essa ideia aborrece-o.
Os seus advogados são jovens. Ele tem uma advogada, morena e magra, com um aspecto seguro e competente. Ela um advogado só um pouco mais velho, com um ar simpático e apaziguador. Ambos terminaram há pouco o estágio, embora não se conhecessem por serem de faculdades e cidades diferentes. Tinha sido o advogado dela a sugerir que conversassem antes. Ela respondera que nem pensar, que ele tinha de pagar pelo que fizera. Mesmo assim e por sua iniciativa o seu advogado combinou um encontro com a colega. No dia marcado, apenas a colega. O cliente também se recusara a vir. Já conhecia a mulher, dissera, com ela não havia acordos. Os dois advogados tinham ido tomar um café, na pastelaria ao lado do escritório. "Que chatice, terem faltado os clientes. Com um pouco de boa vontade aquilo resolvia-se bem", comentara ele. Ela perguntara-lhe em que acordo estava a pensar. E ele que não pensara em nenhum, encolhera os ombros. Dali tinham passado para outros temas. O curso, as dificuldades em estabelecerem-se. Tinham marcado um jantar e depois outro.
Entretanto, a funcionária veio chamá-los. Conduziu-os ao gabinete do Sr. Juiz. Lá dentro, este de pé, aguarda que entrem. Cumprimentou os advogados e depois aos dois. Fala-lhes da conversão para o mútuo. "Podem ficar já hoje divorciados" anuncia-lhes para os convencer. "E sem ser preciso passarem por um julgamento público, no qual tenham de debater a vossa intimidade". Ele acha boa ideia. Ela não. Não pensa na sua intimidade, pensa só em expôr a dele. Apontá-lo como o marido adúltero, que não cumpriu os votos sagrados. Não há acordo. O processo deve pois prosseguir. O advogado pensa que vão haver mais jantares.
Promete! :-))
ResponderEliminarAbraço
Gostei da ideia. Basta explorares mais ;)
ResponderEliminarConheço uma história real parecida!
ResponderEliminarEles levaram 29 longos meses para se divorciarem, mas aqui o homem não era o adúltero e queria o divórcio, ela empatava usando o não concordar com a divisão de bens,entretanto os advogados juntaram os trapinhos (ambos homens):):):)
Abracinho meu!
Obrigada Rosa dos Ventos :)
ResponderEliminarum beijinho
Esse é um dos meus problemas Olinda P. Gil, sou demasiado sintética :)
Essa é que é uma história, Maria Teresa e a realidade a copiar e ultrapassar a ficção :)
um beijinho
Gosto, uma descrição muito "clean", parece mesmo que estás a descrever uma situação real...parabéns!
ResponderEliminarObrigada :)
ResponderEliminarCasmurrices :-)))
ResponderEliminarSe mete divórcios e advogados, a minha curiosidade ainda está mais aguçada :))
ResponderEliminarBjs
O sintetismo é uma virtude
ResponderEliminarA lei da vida, enquanto uns se separam outros podem unir-se.
ResponderEliminarApesar de triste, gostei do texto, a nossa actualidade, infelizmente.
Carlos Barbosa de Oliveira :)
ResponderEliminarO problema será agora desenvolver isto, Pedro Coimbra :)
um beijinho
Às vezes, sim, outras vezes, parece-me que não, Olinda P. Gil © :)
Foi o que achei que poderia ser interessante, nesta história, Vera, a Loira :)
Uma história que reflecte a realidade: pessoas que casam sem saberem bem o que é que significar casar.
ResponderEliminarOu que têm azar, ou mudam, ou muda só um, seja com for, parece-me quase sempre triste.
ResponderEliminarAcho que já não caso. Lololol=)))
ResponderEliminarAssim, perde-se a festa :) (embora me pareça que, havendo festa, aproveitam mais os convidados que os recém-casados :)
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