Nasci na capital, e quando era criança, íamos lá nas férias. Era a cidade das luzes, do Jardim Zoológico, do Parque Eduardo VII, das ruas com árvores no meio, mas sobretudo da minha avó, na sua casa cheia de histórias, com um piano e uma pele de leão na sala, uma despensa com brinquedos antigos como um cavalinho de baloiço, um quarto com uma janela para uma rua ou beco interior misterioso, canecas com cores alegres, e um quarto de banho, que tinha um chão com quadrados brancos e pretos e uma tina com pés.
Até aos seis anos cresci numa cidade mais pequena e interior, a capital do móvel. Morávamos num andar de um prédio, saltávamos da varanda para a varanda da casa da Leninha, amiga de uma das minhas irmãs. À frente havia um jardim onde andei e voei da bicicleta da minha irmã até aterrar de volta à realidade e fugi dum pastor alemão que só queria brincar. Perto, havia um café onde ia com o meu pai que às vezes me dava cigarros de chocolate vendidos lá.
Nos seis anos seguintes, outra cidade, próxima daquela onde hoje moro. Comecei a ir à escola, aprendi a ler, tive a primeira comunhão (não sabia bem que pecados confessar), comecei a andar de trólei sozinha, subi ao Monte Crasto. Duma papelaria próxima, penso que se chamava Juvenil, vieram os primeiros livros de ficção científica, da colecção Argonauta.
Depois passei a morar na cidade dos tripeiros, num sítio com ruas mais alinhadas e uma Praça com um jardim. Andei de bicicleta por essas ruas. Fui pela primeira vez ao cinema (não sei se o primeiro filme foi a Pipi das Meias Altas, a Música no Coração ou Os Malucos das Máquinas Voadoras). Encontrei as minhas agora velhas amigas. Segui com os estudos até que um ano voltei à capital. Já não era a mesma cidade porque faltava a minha avó. Aí como depois quando regressei, ganhei o o gosto pelos passeios à descoberta, retomado em cada cidade ou sítio por onde vou. E gostei de descobrir (só um pouco de cada, porque todas as cidades são imensamente grandes) Guimarães, Badajoz, Vigo, A Cidade da Praia em Santiago, Mindelo em São Vicente, Atenas, Londres, Cannes, Mónaco, Génova, Paris, Barcelona, Madrid, Roma, e felizmente tantas outras.
Contudo, a minha cidade preferida é apenas uma, ou poderá ser mais do que uma, mas o que a torna minha, é estar lá a minha casa e esta fica onde está a minha família, amores e amigos incluídos.
o meu coração vai deixando marcas (ou o contrário) em certos locais onde passa... se me perguntassem qual a minha cidade peferida diria, paris!
ResponderEliminarapesar do que conheço de paris não seja suficiente para isso.
um beijo, amiga
Isso é que foi passear.:) Mas é como dizes, a nossa casa é mesmo onde se encontram as pessoas que fazem parte da nossa vida. Sem elas, qualquer lugar é apenas e só um sítio.
ResponderEliminarAchei piada vires passar férias a Lisboa, para ti "ir à Terra" era vir à capital. Para mim era mesmo ir para a aldeia e casa dos meus avós. Tempos bons, aqueles... :)
Não queres responder também ao desafio Pin Gente?
ResponderEliminarum beijinho
Muito pouco ainda N. Martins :)
Também tinha outra terra, a do meu pai, que já era na aldeia, que entretanto passou a vila :)
Bonito texto, Dona Redonda. Merece um beijinho por tê-lo escrito. :)
ResponderEliminarTambém aceitei o desafio do Rochedo e agora vim aqui conhecer a tua cidade.
ResponderEliminarGostei muito do teu post. e acho esta ideia muito interessante!
Bem, JL, parece-me que leitores por lerem post muito comprido é que mereceriam um beijinho da Angeline Jolie ou do Geoge Clooney à escolha :)
ResponderEliminarObrigada pela visita e pelas palavras Papoila :)
Olá Redonda
ResponderEliminarQue bom ter vindo aqui agradecer a tua visita e descobrir um texto lindo, que começa logo com a minha querida cidade de Lisboa.
Nasci em Lisboa, aqui vivi, estudei, namorei, diverti-me, chorei, ri. Depois casei e saí da cidade. Hoje, vivo num subúrbio (bonito, vá lá!) e volto sempre que posso, nem que seja para passear, agora com o olho de turista.
Também participo neste desafio, que achei muito interessante.
Beijinhos e volta sempre.
Gostei... sinceramente... Eu (ainda) sou do tempo em que se nascia, vivia e morria no mesmo local. Qualquer "desvio" desse destino era por acaso ou outra qualquer fatalidade.
ResponderEliminarPor isso, mesmo sendo um "desenraizado", continuo muito apegado ao sítio onde nasci. Além de ali falar a mesma linguagem dos que ainda lá permanecem (e são cada vez menos), é ali que existem e persistem as marcas da minha infância e os fantasmas do passado cada vez mais longínquo, marcas e fantasmas que me acompanharão quando rumar definitivamente para outras paragens.
Gostei muito mas não me desafies porque se aceito de certeza que... desafino :)
Um beijinho.
Caramba, menina Redonda, és muito viajada!
ResponderEliminarGostei do teu texto...
Abraço
Vim só corrigir o link que ficou coxo devido à falta de um mero sinal =
ResponderEliminarO todo-poderoso html não perdoa...
Espero que agora ligue mesmo...
Olá Teresa :) obrigada pela visita e pelas palavras.
ResponderEliminarum beijinho
Obrigada Eira-Velha :)
Já fui espreitar o link :)
E desafio sim :)e tenho a certeza que não desafinas nada :)
um beijinho.
Ainda viajei muito pouquinho, Rosa dos Ventos :)
Obrigada :) e um beijinho
Venho aqui pela não do Carlos do blogue Rochedo.
ResponderEliminarGostei muito de ler sobre a sua cidade preferida, que ao mesmo tempo é a sua biografia.
Eu sou da terra dos tripeiros, embora viva em Düsseldorf já há alguns anos. É muito difícil dizer qual é a minha cidade preferida.
Mas se é como diz, a nossa casa é onde se encontram as pessoas que fazem parte da nossa vida, então essa cidade é DÜSSELDORF!
Muito obrigada pela passagem e pelas palavras.
ResponderEliminarJá fui espreitar os seus blogues e outro dia (agora estou quase a cair de sono :) vou voltar com mais tempo, até para saber mais sobre Düsserldorf :)
Olá Redonda, a minha família do lado materno existe em Lisboa pelo menos, desde os inícios de 1800. A minha trisavó cá nasceu e depois todas as gerações seguintes...até os meus netos que moram na zona de Sintra nasceram cá.
ResponderEliminarFoi uma cidade a que não liguei muito quando era jovem, actualmente estou a descobri-la, a olhá-la com outros olhos, a gostar mais dela, talvez a aprender a amá-la...
Abracinho
A família da minha avó materna também, bisavó e trisavôs moravam na Estrela :)
ResponderEliminare uns irmãos da minha bisavó seriam comerciantes com uma loja perto da Praça da Figueira
um beijinho