Hoje fui depor como testemunha num julgamento. Pouco ou nada sabia, mas não está previsto o envio pelas testemunhas de declarações nesse sentido (Mal! Se não está previsto, devia estar!). Cheguei bem cedo, pelas 9.15, e depois de ter sido confrontada com uma rua cortada ao trânsito que me obrigou a um desvio, pelo que até poderia ter chegado ainda mais cedo. Mais um pouco, ainda encontrava o tribunal fechado... . No caminho, já depois de ter deixado o carro no parque, passei por edifícios antigos, um pouco degradados mas bonitos e por uma livraria chamada Poeta (no regresso atravessei para o lado da livraria na expectativa vã de descobrir algo que justificasse o nome). Já lá dentro resolvi observar o ambiente à minha volta. O tribunal funciona num edifício antigo, construído para outro fim. No centro tem um pequeno jardim do qual somos separados por vidros. As poucas árvores pareceram-me presas entre pedras e vidro, mas dava para ver o céu. Pairava sobre nós um forte cheiro a lixívia. Pelos corredores misturavam-se as partes, testemunhas e advogados. Estes reconhecíveis por levarem a toga no braço e terem um ar ocupado e mais seguro do que os demais. Felizmente tinha levado comigo um pequeno livro, "O Tesouro" de Selma Lagerlöf que li quase todo. Muito adequado. Ainda não sei como acaba, mas as desgraças da órfã Elsalill distraíram-me e acalmaram-me. Em comparação com o que aconteceu à sua família adoptiva, ir depor a um tribunal seria uma festa. Senti-me livre quando terminou o meu depoimento (felizmente curto) e penso que não gostaria de trabalhar num sítio assim, muito pesado.
Sabendo eu quem tu és, minha querida Dona Redoma, e sabendo o que fazes (se é que isso será alguma vez possível), surpreende-me que sintas necessidade de "postar" este testemunho, que agradeço por ajudar a conhecer-te melhor e por confirmar traços invulgares da tua personalidade.
ResponderEliminarP.S. Por favor não respondas dizendo que não é Redoma mas Redonda. Eu também já sei. +jinhos
Só para dizer que por motivos mais do que óbvios - ainda bem que eu tinha razão, toda a razão no que dizia - a minha porta vai fechar-se para sempre. Há uma certa vergonha, até, da minha parte na confiança que alguma vez depositei, mas a verdade é uma peça tão cristalina como a luz solar. A desilusão é agora irrevogável, irremediável.
ResponderEliminarDona Redonda, providencie, por favor, para que certos gestos, mais bruscos, não façam apagar qualquer chama que ainda iluminasse, mesmo que de forma ténue, este universo de sombras desnomeadas.
ResponderEliminarOlá queridos. Acabo de me instalar neste bairro. Se quiserem podem passar lá por casa. É um sítio sempre aberto. Tipo blogue, claro está. Não tem o salero dos queridos, mas tem o que se pode.
ResponderEliminarVossa para sempre
Lana Kaprina
A falta de tempo não me tem deixado comentar.
ResponderEliminarAcho que os tribunais são todos muito idênticos no que se refere ao "ambiente". O daqui é um edifício construído para o efeito, ainda assim é igualsinho ao que acabas de descrever.
"não gostaria de trabalhar num sítio assim, muito pesado."
ResponderEliminarÀs vezes carrego trabalho, nunca carrego o local de trabalho! ;)
eu tb odiaria trabalhar num tribunal, é um sitio demasiado pesado.....
ResponderEliminarbjs
E o que é que quererias dizer com "redoma" Roldeck, sim? Por acaso não dou a ideia de ter vastos conhecimentos e experiência de vida? :)
ResponderEliminarNão sei o que responder ao Anónimo e ao Bruxo Leante. Estarão ligados os comentários? Não sabendo o que responder, não respondo aqui nada.
Depois vou espreitar o seu espaço Lana Kaprina :) Obrigada pelo convite~:)
Olá Apache :)
Pois, no "post" estava só a referir-se àquele tribunal :)
Às vezes carrego trabalho e às vezes acho que carrego o local de trabalho também, o que não está nada bem...
Olá Noz Moscada :) Acho que no meu post não fui mesmo muito clara. Eu só estava a falar daquele tribunal. Acredito que noutros seja muito diferente.
Um beijinho
Longe de mim tal insinuação.
ResponderEliminarÉ para que vejas o quanto sofre quem vai a tais locais...
ResponderEliminarAcho que já tinha uma pequena ideia...
ResponderEliminarIdentifico-me com o teu post. Já fui testemunha, intérprete e parte em tribunal/tribunais. Senti a mesma coisa.
ResponderEliminarBeauty lies in the eyes of the beholder. Eu devo ser uma brasa...
Alegna.
:) I'm sure you are!
ResponderEliminarOh redonda, eu percebo-te, mas para mim qq tribunal, não gostaria de trabalhar em nenhum.
ResponderEliminarbeijos
Pois eu, que trabalho num Tribunal - e já o faço há 23 anos... - gosto de fazer o que faço. Não é o local de trabalho que importa, mas a forma como lá trabalhamos! E já agora, o facto de os Tribunais terem um ar pesado é benéfico: por acaso, não acho que seja pesado, acho antes que ali se deve ter respeito; como todos fazemos, mesmo os não crentes, numa igreja...
ResponderEliminarBom fim de semana a todos e um beijinho cúmplice à Dona Redonda!
Tony.
Só agora apercebi-me deste comentário e está muito bem dito!
ResponderEliminarUm beijinho :)