Capítulo I
Se havia pessoa destinada a uma vida
mediana ou mesmo miserável seria Eufrásio. Até pelo nome infeliz que lhe deu o
Padre da Instituição onde foi abandonado. Permaneceu lá só algumas horas, mas o
Padre Tiago quis saber da sorte do menino e quando se confirmou que ninguém o
adoptaria, quis ser seu padrinho.
Era uma criaturinha feia e doente.
Primeiro previram-lhe a morte em poucos dias, previsão constantemente adiada.
Nos primeiros anos cresceu pequeno e enfezado e desconfiavam que teria também
um atraso. Com tanto contra ele não admira que ninguém o quisesse.
Foi crescendo em Instituições, com breves
visitas do Padrinho.
Quando foi para a escola descobriram que
gaguejava. Para fugir à troça dos colegas permanecia quase sempre calado. O
Padre tinha pouco tempo para ele, especialmente quando desafiado para Missão em
África, mas antes de partir deixou-lhe um legado que o transformaria, a sua
colecção de livros.
Nasceram talvez da leitura os seus sonhos
que a ninguém revelava. Alguns seria fácil de adivinhar, queria Eufrásio ter
uma família, ser igual aos outros meninos, ser amado.
A troça dos outros poderia tê-lo feito
amargurado, mas os livros levaram-no apenas a sonhos mais elaborados. Se não
podia ser amado, ia ser respeitado.
Pela solidão ou teimosia leu todos os
livros, que eram muitos, e mais do que uma vez, aprendendo com eles.
Quando chegou à maioridade, sabedor dos
seus direitos pelos livros de Lei que lera, alcançou a alteração do nome para Tiago. Com o que aprendera dos livros policiais e científicos investigou e
descobriu a sua ascendência, soube que pouco após o seu nascimento a mãe se
matara. Demandou a família materna que tinha posses, conseguiu o apelido e
parte da herança.
O dinheiro que recebeu permitiu-lhe
continuar os estudos.
Permanecia um mistério que o incomodava saber
quem era o seu pai e se por ele, e através dele, poderia ainda ter uma família.
A materna desde o início que o rejeitara, ainda mais depois de exposto em
tribunal o segredo que tanto queriam ocultar, e ao se verem forçados a
entregar-lhe a quota da mãe.
O
agora Tiago licenciou-se em Direito. Pela gaguez embora um pouco atenuada,
desistiu de ser Advogado e ingressou na magistratura.
Conseguiu o respeito pela posição e saber,
mas não a família.
Todavia, mantinha e acalentava esse sonho.
Esgotadas as diligências próprias resolveu
contratar um Detective. Saiu-lhe uma detective.
Curioso para ler os próximos capítulos.
ResponderEliminarVotos de Santo Natal
O desafio de escrita era só para escrever o 1º capítulo :)
ResponderEliminarObrigada Pedro e retribuo os votos
Muito interessada em seguir esta história.
ResponderEliminarO quê? Não vai continuar? Não pode ser. Continue por favor!
Abraço, saúde e bom fim de semana
Obrigada Elvira - este capítulo escrevi para o desafio de escrita
Eliminarfalta-me ser capaz de desenvolver histórias maiores, algo que admiro muito
no que a Elvira escreve
um abraço, saúde e bom fim-de-semana
Não há próximos capítulos?!
ResponderEliminarEu acho que ele e a detetive se vão apaixonar e assim ele terá a sua tão desejada família! :)
Abraço
Era o que eu estava a pensar também :)
Eliminarum abraço