Tudo correu bem quando se
conheceram, amor à primeira vista, em simultâneo o deslumbramento e o
entenderem-se sem serem precisas palavras, terem sempre algo a dizer e a
disponibilidade para escutar.
Mas ela era fã do filme O
Grande Amor da Minha Vida.
Pediu-lhe uma pequena
prova e só por um mês. Dali a trinta dias, se ele continuasse a querê-la, se
estivesse seguro que o que tinham era sério e verdadeiro, iria ter com ela, às
19.00 horas, ao cimo da Torre dos Clérigos.
Não lhe deu apelido,
endereço, telemóvel, email ou contacto em rede social. Absolutamente nada.
Custaram-lhe imenso os
primeiros dias. Queria vê-la. Saber que não a sonhara, que era tão bela e doce
como se lembrava, apesar daquela exigência estranha que apenas aceitara porque
ela não lhe dera alternativa.
À medida que o tempo
passava crescia nele uma desconhecida euforia. Ia revê-la. Abraçá-la-ia.
Dir-lhe-ia que a amava de verdade, os dois ficariam radiosamente felizes,
consumariam a paixão, viveriam com intensidade os dias que se seguiriam.

E aguardou, e aguardou…
Até que percebeu que ela
o enganara. Nunca fora sério e verdadeiro. Fora um tolo e ela brincara com os
seus sentimentos.
Saiu tão derrotado que
chamou a atenção da senhora que vendia os ingressos. Ela pensou para si mesma,
ele tem o mesmo ar que a jovem de ontem, o que se passará com os jovens de
hoje?
Tinham-se desencontrado
na contagem dos dias.
O filme é eterno.
ResponderEliminarE o escrito também será.
Bjs