Para fugir a troço da
auto-estrada em obras meteu por uma estrada paralela.
Pelo GPS seriam só três
kms, mas indicava para o percurso quase uma hora.
Estranhou que pudesse ser
tanto tempo e arriscou.
Logo depois percebeu.
Seria por ser hora de ponta ou porque outros condutores da auto-estrada tinham
tido a mesma grande ideia, apanhou uma fila parada.
No para-arranque
constante, crescia nele o sono.
Para o combater, desceu o
vidro do seu lado. O ar frio da noite invadiu a capsula antes super aquecida.
Alguns instantes chegaram
para despertar e sentir frio, mas não fechou o vidro porque algo lhe chamou a
atenção.
À sua frente um carro
ligou os quatro-piscas. Algo incongruente com todos parados. A condutora saiu
do veiculo hesitante, virou-se para trás e deu alguns passos na sua direcção.
Como que em resposta, o condutor do veículo logo a seguir ao seu, também
acionou os quatro-piscas e saiu do carro. Foi ter com a rapariga e pediu-lhe
desculpa pelo atraso, correcção atrasos, prometeu-lhe que nunca mais se
atrasaria, que ela era a coisa mais importante na sua vida (como coisa? deveria ser mais romântico!).
Os dois abraçaram-se.
Entretanto a fila à
frente movera-se oitenta centímetros, quase um metro e os carros atrás
começaram a buzinar (ele não).
O rapaz virou-se para trás, eufórico com a
reconciliação, fez um gesto feio.
Abriu-se a porta de um
Fiat pequeno e saiu de lá um condutor musculoso pouco agradado com o gesto. O
rapaz balbuciou uma desculpa. Voltaram todos para os respectivos carros e
avançaram os oitenta centímetros.
Fechou o vidro e
continuou atento. Nada mais sucedeu, e quando se completava a hora (o GPS tem sempre razão) regressou à
auto-estrada.
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