Atirou os dados e eles
rolaram pela mesa, cubos brancos imperfeitos de bordas meio arredondadas e
pontos negros decisivos.
Quando pararam, a soma
dos dois ascendia a três, apenas três.
Estou perdido, pensou.
Apostara tudo, até o amor da Marta.
O seu adversário
saboreava já a vitória quando também os largou.
“Alea jacta est”, a sorte
está lançada.
Correram os cubos sobre a
mesa e o impossível sucedeu, na face de cada um, central e único ponto negro.
- Perdi! Balbuciou o
outro surpreendido e derrotado.
- Ganhei, proferiu quase
para si próprio. Não foi proporcional o alivio ao desespero que o antecedera.
Tinha de contar à Marta e
contou-lhe, “apostei-te”.
Quando finalmente
convencida que era verdade, ela fez a mala, não o escutou e deixou-o como um
último olhar de desdém: “não sou uma coisa”.
Não o era para ele, mas a
paixão pelo jogo fora mais forte.
E com maior dedicação se
agarrou a ela.
Podia ter perdido tudo,
mas ganhou. Não uma fortuna, mas o suficiente para pagar as dívidas e iniciar
um pequeno negócio.
Jurou manter-se longe dos
casinos. Apostou para si mesmo que recuperaria a Marta, mas ela não voltou e
ele deixou de cumprir a sua promessa.
O outro apostou numa partida de bilhar, não foi?
ResponderEliminarBjs, boa semana