Querido neto
Estás a chegar quando tenho eu de
partir, e também por isso, a tua vinda é o milagre que irá dar à tua mãe uma
razão para viver.
Fiz a tua mãe prometer-me que te
irá dar esta carta quando completares dez anos.
Para outros aniversários deixei
guardadas outras prendas, um urso de peluche e um carrinho, e o relógio de ouro
que era do teu avô.
Deixo-te os meus livros preferidos,
desde os juvenis como a Heidi e o Sandokan, passando pelo Tolkien e O Monte dos
Ventos Uivantes até ao O amor em tempo de cólera.
Queria tanto poder ser para ti a
avó que eu tive. Uma avó com todo o tempo do mundo, paciência e chi-corações,
que te contasse histórias, te fizesse cafuné e companhia nas sestas, sempre
pronta a acolher-te em todos as idades e momentos,
Queria poder-te dar mais, queria
poder dar-te tudo.
Quando pensei em escrever-te esta
carta pensei que queria deixar-te bons conselhos, que não fossem só velhas
frases feitas.
Se pudesse viver de novo a minha
vida há muito que faria de outra maneira, mas não sei se diferentes escolhas
não fariam de mim uma pessoa distinta.
Se para ser mãe da tua mãe e tua
avó, tivesse de seguir o mesmo caminho, seria o que faria, sem hesitar.
Levo comigo algo que não se vê, nem
se pode medir, o amor e a recordação dos momentos que vivi com os meus pais,
avó, a tua mãe, outros familiares e amigos.
Quero que sejas livre para tomares
as tuas decisões, seguires o teu caminho e que nunca te falte amor.
Tua avó
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