Fui a primeira a quebrar o
silêncio. Perguntei-lhe se estava tudo bem com ele.
Não era isso que queria dizer.
Encontrámo-nos por acaso no
aeroporto. Ambos tínhamos por perto familiares e nenhum dos dois quereria fazer
uma cena perante eles.
Se quando nos vimos, a distância
entre nós fosse só um pouco maior, poderíamos ter feito de conta que não nos
tínhamos visto. Assim, a menos de um metro um do outro, ele a empurrar a mala
de uma senhora de idade, a sua tia da Suíça, eu a levar um café para a mesa
onde me esperava a minha prima Lia, não havia como nos evitarmos sem que
parecesse demasiado evidente a má educação.
Ele respondeu “Bem, tu também?”.
Não esperou pela minha resposta para dizer que tinham de seguir.
Fui ter com a Lia que tinha
assistido ao nosso encontro. Concordou comigo quanto a ele estar mais magro e
cinzento. Ela é que ia apanhar o voo. Eu tinha-lhe dado boleia. Já tinha feito
o check-in e pareceu natural apressarmos a despedida.
Dirigia-me para o parque quando o
ouvi chamar-me.
Parei até ele me alcançar um pouco
sem folego. Também teria vindo para dar uma boleia à tia.
Já tens alguém, já me substituíste?
Quis saber.
Não lhe respondi logo. Não quis
saber por meu lado se ele já tinha alguém. Lembrei‑me da nossa história, como
tão rapidamente os seus ciúmes e possessividade tinham tornado tudo tão amargo
e difícil. Mesmo assim quando terminámos tinha doído e fora muito difícil não
lhe ligar, não o procurar.
Ele leu no meu silêncio o que eu
lembrava.
- Nunca me amaste, és incapaz de
amar alguém! Exclamou.
Continuava o mesmo. Não iria mudar.
Respondi-lhe apenas “tenho de ir”.
Afastei-me a pensar que parva fui.
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