Restava alguma farinha, a
suficiente para fazer um bolo, pensou Maria enquanto fazia a lista de compras
para o dia seguinte. E se o pensou, melhor o decidiu. Tinha seis ovos
oferecidos ontem pela vizinha Graça do 2º andar – tinham vindo da quinta da sua
santa sogra - e açúcar suficiente. Foi buscar a tijela dos bolos, a colher de
pau e a balança. Primeiro pesou os ovos para calcular em metade a quantidade da
farinha e igual a do açúcar. Tudo bem misturado e batido até aparecerem bolhinhas foi
de seguida ao forno já aquecido, na forma bem untada de manteiga e polvilhada de
farinha.
Pouco depois espalhava-se pela
casa o cheiro do pão-de-ló.
Espetou-o com um palito, enquanto
o vigiava, abrindo a porta do forno só por segundos, até que estivesse pronto.
Desenformou-o, sacudindo-o na
forma que virou ao contrário, e saiu direitinho, sem se desmanchar, redondo com
um buraco no meio.
Levou-o para a sala, onde o
deixou a dominar bem no centro da mesa.
Chegou o José do trabalho, o
cansaço dissipado assim que entrou em casa e sentiu o odor doce. Quis logo
provar o bolo quente, já desenformado, dourado em cima da mesa a arrefecer.
Primeiro, deixa que o veja o
menino, ordenou-lhe a sorrir.
Nem de propósito chegou o filho
mais cedo da escola com o melhor amigo, e foram logo atraídos pelo bolo.
Esperaram os três que os deixasse
só provar e Maria consentiu. Mas porque os conhecia teve a feliz ideia de antes
de os deixar sozinhos, levar uma fatia para si. Não previa uma vida longa para
aquele pão-de-ló. E modéstia à parte estava muito bom, bem cozido, ainda
quente, mais doce na cobertura, desfazia-se na boca.
Pouco depois, só o cheiro tinha
ficado e do bolo nada mais restava.
E nem uma fatia para mim... Ai. :)
ResponderEliminarPara mim também não :)
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