quarta-feira, dezembro 23, 2015

Post 5337 Restava 2º tentativa (optar pela 1ª ou pela 2ª ou tentar uma 3ª)

Restava alguma farinha, a suficiente para fazer um bolo, pensou Maria enquanto fazia a lista de compras para o dia seguinte. E se o pensou, melhor o decidiu. Tinha seis ovos oferecidos ontem pela vizinha Graça do 2º andar – tinham vindo da quinta da sua santa sogra - e açúcar suficiente. Foi buscar a tijela dos bolos, a colher de pau e a balança. Primeiro pesou os ovos para calcular em metade a quantidade da farinha e igual a do açúcar. Tudo bem misturado e batido até aparecerem bolhinhas foi de seguida ao forno já aquecido, na forma bem untada de manteiga e polvilhada de farinha.
Pouco depois espalhava-se pela casa o cheiro do pão-de-ló.
Espetou-o com um palito, enquanto o vigiava, abrindo a porta do forno só por segundos, até que estivesse pronto.
Desenformou-o, sacudindo-o na forma que virou ao contrário, e saiu direitinho, sem se desmanchar, redondo com um buraco no meio.
Levou-o para a sala, onde o deixou a dominar bem no centro da mesa.
Chegou o José do trabalho, o cansaço dissipado assim que entrou em casa e sentiu o odor doce. Quis logo provar o bolo quente, já desenformado, dourado em cima da mesa a arrefecer.
Primeiro, deixa que o veja o menino, ordenou-lhe a sorrir.
Nem de propósito chegou o filho mais cedo da escola com o melhor amigo, e foram logo atraídos pelo bolo.
Esperaram os três que os deixasse só provar e Maria consentiu. Mas porque os conhecia teve a feliz ideia de antes de os deixar sozinhos, levar uma fatia para si. Não previa uma vida longa para aquele pão-de-ló. E modéstia à parte estava muito bom, bem cozido, ainda quente, mais doce na cobertura, desfazia-se na boca.
Pouco depois, só o cheiro tinha ficado e do bolo nada mais restava.

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