quinta-feira, junho 14, 2012

Eu e as boleias

Até à data, e tanto quanto me lembre, nunca pedi boleia a um desconhecido, mas já houve semi ou total desconhecidos que tiveram a (infeliz) ideia de me pedir boleia...
Na primeira vez, tinha carta há pouco tempo, fui buscar uns amigos à estação de Campanhã, e uma semi-conhecida, formadora num curso que eu tinha frequentado, mas com quem penso nunca antes trocara qualquer palavra, pediu também boleia para o hotel. Amigos estavam prevenidos, ela não...Primeiro,eu  ainda pensava como peão e não como condutora, por isso, sabendo onde ficava a estação e onde ficava o hotel, resolvo seguir por uma rua onde o trânsito no sentido pretendido era proibido a ligeiros. Ia eu alegremente pelo corredor de autocarros, quando me apercebo. Nessa altura, dentro do carro, ficaram preocupados em que o sentido fosse proibido para todos os veículos e estivessemos a correr o risco de apanhar com algum de frente. Aí resolvo fazer uma mudança de direcção, passando uma tangente a um veículo estacionado no sentido contrário (mas sem toques). A estação e o hotel até ficavam perto, mas eu não parecia era conseguir acertar no caminho, e com os sentidos proibidos, em vez de aproximar-me, afastava-me. Para amigos, valeu para ficarem a conhecer um pouco mais do Porto. Semi-desconhecida,  já não terá apreciado assim tanto passeio. Quando ela finalmente avistou ao cimo da rua, o hotel onde ia ficar, que não era o mesmo de amigos, pediu para sair logo ali, agradeceu contidamente a boleia e a última imagem com que fiquei dela, foi a afastar-se aliviada, arrastando a mala, em direcção ao hotel.
Da segunda vez, eu estava muito mais segura do caminho, mas este era sempre o mesmo. De manhã saía de casa e seguia até à cidade de local de trabalho de então. Ao final do dia, saía de local de trabalho e seguia em direcção a casa. Ainda não tinha via-verde e já ia reconhecendo os funcionários da Portagem. Um dia, ao final da tarde, o funcionário era diferente e começou a observar-me com muita atenção. Depois percebi porquê, quando me perguntou se poderia dar boleia a uma colega dele. Terá pensado que eu seria uma condutora de confiança, nem que fosse por todos os dias eu fazer o trajecto aparentemente incólume. E lá seguimos as duas pela auto-estrada. À chegada é que a situação se complicou. Ela queria que eu saísse numa saída diferente para a deixar onde queria ir, e eu até gostaria de o fazer, mas dentro do meu esquema de trajecto casa-trabalho, tal era impossível. Acabei por a deixar numa paragem de autocarro...e não voltou a pedir-me boleia.
Na terceira vez, tinha ido com a minha mãe ver a exposição de Dali no Palácio do Freixo. No regresso, um senhor com o irmão e o filho, um garotinho, pediu-nos boleia. Também tinham vindo ver a exposição e agora queriam regressar ao Porto. Por causa do garotinho, conseguiram a boleia. E eram simpáticos. Durante o trajecto de alguns minutos, ficámos a saber da relação familiar entre todos, irmão e filho, que eram do Sul, que o senhor estava divorciado e que em férias com o filho, andava a passear pelo Norte. Esta boleia até correu bem.

6 comentários:

  1. Eu nunca dei boleia. No entanto, há muitos anos atrás aventurei-me a pedir uma boleia a um camionista, desde a estação de comboios até à minha aldeia. Correu bem. Outros tempos.

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  2. Esqueceste da 4ª vez...aquela em que D.Quixote, tendo deixado o Rocinante no veterinário, pediu-te boleia na tua carruagem, lembraste agora? Ele queria impressionar a Dulcineia del Toboso...

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  3. Gábi,
    A última boleia que dei, já lá vão MUUUUUUIIIIIITOS anos, foi a um tio de um amigo meu.
    Que, às nove e meia da manhã, já estava grosso.
    E queria, forçosamente, que eu fosse com ele até Viseu onde tinha à espera "umas gajas" (sic).
    Remédio santo!!!
    Agora, até com os colegas de trabalho, tenho cuidado.
    Bjs e bfds

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  4. Eu nunca tive a coragem de pedir boleia a um des conhecido, Luísa :) Talvez também nestes tempos possa correr bem.


    Como é que me esqueci dessa vez, Hesseherre? :)




    Essa boleia, Pedro Coimbra, poderia dar um post incrível :)
    um beijinho e bom fim de semana

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  5. Que belas histórias! Muito me ri com a tal semi-desconhecida assustada a fugir com a mala!
    Nunca dar boleias é melhor...Lembro-me de dar uma numa Circunvalação em Roma, à noite! E a um homem! Hoje quem pensaria fazer tal coisa? Mas estávamos perdidos (não, não ia sozinha, iam os meus tios comigo, voltávamos de Orvieto e eu vinha armada em "Fangio" e perdi-me numa das "saídas" de Roma...
    Tudo correu bem ( o meu tio nessa altura não era para brincadeiras!), até era um simpático passageiro.
    beijos e continua a contar histórias destas! Boleias é que não dês ! You never know nos tempos que correm..

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