quinta-feira, novembro 24, 2011

Post 2253 - Resposta ao desafio de escrita do Post 2232

Resposta ao desafio de escrita do Post 2232 (escrever sobre um trauma por um acontecimento do passado, real ou imaginário, com ideias e emoções fortes, mas sem nos referirmos directamente a essas emoções e evitando lugares comuns) de Olinda P. Gil © do blogue A Casa do Alfaiate ou http://acasadoalfaiate.blogspot.com/: Ver aqui ou em http://acasadoalfaiate.blogspot.com/2011/11/rua.html


"A Rua


Preferia nunca passar por aquela rua, mesmo que passar por lá fosse o caminho mais perto. Não se importava de andar mais, de dar uma volta muito grande para chegar ao seu destino. Mas passar por aquela rua estava totalmente fora de questão.
Não gostava de nenhuma pessoa daquela rua. Eram todas pessoas falsas, que um dia pareciam muito simpáticas, mas que no outro estavam dispostas a destruir a vida de alguém. Especialmente as mulheres, que gostavam de falar umas com as outras em voz baixa, mas sempre a dizer muito mal de outras pessoas. Os homens e rapazes, tornados matrofões por aquelas mulheres, agiam como malfeitores, nunca se podendo confiar neles. Se fossem objectos desapareciam, se fossem pessoas eram espancadas.
Uma amiga sua casara com um homem daqueles, e nunca a foi visitar. Vi-a às vezes na praça, e achava sempre que ela estava muito magrinha. Passava fome, pois o marido deveria gastar tudo em bebida. Nunca percebera porque a amiga nunca dera razão às suas palavras, e tivera que casar com um homem daquela rua. Com tão bons rapazes que havia na aldeia. Moços rectos, trabalhadores, respeitadores. Que até os senhores doutores cumprimentavam.
Nunca iria passar por aquela rua, nem mesmo quando fosse velhinha, e aquele caminho permitir que se cansasse menos."

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Não faço ideia, Rafeiro Perfumado, mas parece mais real que muitas ruas por aí :)



    Um comentário interessante, Ignotu, a seguir vou tentar descobrir se também terá um blogue, espero que sim...




    Obrigada, eu, Olinda P. Gil © :)

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