terça-feira, maio 17, 2011

Um outro desafio - Conclusão

Portanto, primeiro, tinhamos que olhar para a fotografia e ver ainda:



- Um crepúsculo lá atrás;
- Uma casinha rural com telhado vermelho;
- No geral, um ar um pouco menos alinhado e mais de trabalho rural;



Depois, o desafio consistia em, partindo da fotografia, escrevermos um pequeno texto, uma história ou uma sinopse de uma história ou um poema.



E aderiram ao desafio o Luís Eme do blogue Largo da Memória ou http://largodamemoria.blogspot.com/ e a a Luísa do blogue À Esquina da Tecla ou http://aesquinadatecla.blogspot.com/



Seguem-se os textos, deixados em comentários:



Do Luís Eme:



«Sempre que me aproximo da árvore enorme, onde ainda se guarda o rebanho, lembro um dos maiores sustos que apanhei no começo da adolescência, quando estava por ali a brincar e vi aparecerem do nada dois lobos famintos.No meio da aflicção só tive tempo de subir para cima da árvore e ficar ali sossegado, sem saber muito bem o que fazer.O "Mar", o nosso velho cão Serra de Estrela, juntamente com o pequeno e ladino "Fadista", o principal pastor do rebanho, destemidos fizeram frente aos lobos, que bem lhes mostraram os dentes e as garras, mas depois de sentirem no pelo a força do "Mar", perceberam que não levavam nenhuma ovelha dali e desapareceram, assim como apareceram. Sempre que passo por ali, olho para todos os lados, porque pode aparecer sempre alguém do nada...»



O da Luísa:



"A gata malhada da Ti Teresa apressa o passo serpenteando entre as silvas do terreno. Avista ao longe a pequena casa da dona, com o seu telhado vermelho e reluzente a condizer com o círculo crepuscular que se desenha no horizonte. Vagueou a tarde inteira. É uma vadia, a gata malhada da Ti Teresa. Mas com a noite que se aproxima, ela apressa o passo na ânsia do regresso. Sabe que a vasilha da comida, junto à porta da cozinha, já deve estar cheia."


E, o meu:



O dia parecera-lhe curto para tudo o que tinha a fazer e nem metade fizera do que planeara.
No final da tarde dera-lhe para pensar no António.
Já não se viam há muitos anos. Primeiro amor, namoro inocente, de andar de mãos dadas e beijos de olhos fechados.
Os pais tinham-no mandado para longe, para estudar em casa de uma tia.
Na altura, a separação parecera-lhes uma fatalidade. Ele jurara que fugia, no Verão fugia, e vinha buscá-la, mas já quando ele o dizia, duvidava, e ao longo do Inverno, sem se verem, passaram a estranhar-se de novo.
Casou com o Fernando, noutro Verão, pelo meio dia.
Tiveram dois filhos, já adultos, com as suas vidas feitas na cidade.
Finou-se o Fernando numa tarde, a seguir a um almoço de Domingo.
Ela pensava cada vez mais na sua morte, sobretudo no final de cada dia.
E em como poderia ter sido outra a sua vida.

PS: Muito obrigada aos comentadores/bloguistas que aderiram ao desafio.


7 comentários:

  1. Um só cenário e três histórias de bichos e de gente. Bem giro :)

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  2. :) É algo de que gosto muito nos ateliés de escrita a que tenho ido, ver como o mesmo tema, ou ideia, ou desafio, pode conduzir a textos tão diferentes :)

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  3. Gabi, se deres 1 cadeira e 15 alunos com a incumbência de fazer uma digressão sobre ela, cadeira, teras 15 reportagens diferentes, às vezes inesperadas, outras medíocres, ou uma e outra geniais...

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  4. a Luisa tem razão, é curioso como as nossas histórias são completamente diferentes, como utilizámos a mesma "fotografia"...

    se tivessem surgido mais "aventureiros", mais diferenças apareceriam.

    gosto sempre destes desafios.

    beijinho Gábi

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  5. Mas também poderá acontecer Hesseherre, que apareçam reportagens parecidas e isso também será giro :)




    E isto é algo que acho muito interessante em desafios como este, Luis Eme :)
    um beijinho

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  6. Belo texto o seu, Gábi.E a árvore é liiinnnda!
    Dá vontade de ficar a olhar para ela!
    beijinhos

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