quinta-feira, julho 09, 2020

Post 7619 - CNEC 49/21 - 9/10 Um estranho bate à porta


A casa era rosa, um pouco elevada, e tinha um quintal à volta que nos escondia do que se passava em redor, um jardim encantado, com roseiras, caracóis, pintos e galinhas.
Primeiro, era preciso abrir um portão lateral, e a seguir percorria-se um caminho cimentado também rosa até à entrada. Entre duas janelas largas estava a porta de ferro, com losangos de vidro fosco e o botão da campainha branco. Quando vinha da escola pendurava-me num dos ferros para tocar.
Eu e a minha irmã mais nova estávamos sozinhas em casa com a nossa avó quando ouvimos a campainha. Acho que a minha irmã ainda nem andava na escola. Não sabia ler, mas sabia abrir a porta. Corremos as duas em direcção ao som e ela abriu.
A nossa avó estranhou que alguém tocasse àquela hora, mas andava devagarinho e só chegou depois, já com a porta aberta.
Do lado de lá, um homem estranho.
Não sei se o cheguei mesmo a ver ou se o lembro como o imaginei. Seria jovem, mas para o meu eu criança, “velho, mais de vinte anos”. Com cabelo para o comprido e bigode escuros.
Não havia razão para estar ali e parecia querer entrar, enquanto procurava confirmar se em casa só estávamos as três.
Facilmente conseguiria empurrar a minha avó e ela sabia disso, mas manteve-se calma. Perguntou-lhe o que queria e se era para ir chamar lá dentro o filho. A nossa avó, mãe da nossa mãe, ali não tinha um filho, e a sua filha e genro estavam longe.
Acreditou nela. Assim conseguiu fechar a porta e ele foi-se.
Imagino como a avó logo a seguir ficou branca com o susto, mas com a bondade que tinha, não nos repreendeu muito. É preciso ver quem é, antes de abrirmos a porta.

13 comentários:

  1. Gostei do texto. Mas cuidado em abrir a porta a estranhos, Lool
    .
    Chegas devagar ao meu mundo

    Beijo e um excelente dia!

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    1. Obrigada :) e é preciso muito cuidado :)
      um beijinho e um excelente dia também

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  2. Ouvir a avó falar no filho e não a terem desmentido foi uma sorte. É que as crianças não perdoam nada, lol
    Ainda bem que tudo terminou em bem. É mesmo preciso muito cuidado em se abrir a porta a estranhos.
    .
    Olhe o espelho e… sorria
    Felicidades.

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    1. Pois isso é que iria estragar tudo :)
      um beijinho, obrigada e felicidades também

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  3. Eu bem disse para não abrires! :)

    Abraço

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  4. Que crianças espertas!!! Lembrei-me quando era pequena e estava a família toda almoçando e minha mãe havia recomendado às crianças (primas incluídas)que não falássemos ao meu pai que havíamos ido ao centro da cidade de manhã. Uma das primas, a mais nova, a certa altura falou: "não é para falar ao tio que fomos à cidade, viu?"

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  5. Já está quase no fim?
    O tempo passa num instante!

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    1. Pois é, só falta um.
      Ainda não recebi nenhum email sobre quando começará o próximo

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