sexta-feira, outubro 18, 2019

Post 7233 - Desafio de Escrita 2/10 - Hora de ponta no Elevador


Foi por pouco!
Tive de correr mas cheguei ao pé do elevador quando a porta começava a fechar‑se. Premi o botão e voltou a abrir-se.
À minha frente seis rostos fechados e enfadados. Pareceu-me até que uma senhora tinha estado a carregar no botão para fechar muito assertivamente e não queria larga-lo.
- “Com licença, com licença.” Consegui enfiar-me no meio deles.
Estavam já marcados os andares 5, 6 e 7. Quando marquei o 4, cresceu o mal-estar à minha volta. Alguém disse, “andamos a parar em todos os apeadeiros”. Aquelas pessoas não estavam nada felizes. A minha sorte em apanhar o elevador fora um grande contratempo para eles.
O pior foi quando, depois de se fechar a porta, e o elevador começar vagarosamente a mover-se, nos apercebemos que descia…
Alguém o chamara, aparentemente do Andar 2, onde voltou a parar.
A porta abriu-se muito lentamente. Uma senhora olhou para nós. Tentei suavizar o ambiente dirigindo-lhe um pequeno sorriso, enquanto tentava recuar para abrir espaço para ela. A senhora que não pareceu ver-me, nem aos demais, enfiou um braço com sacos de compras pela porta dentro e gritou para alguém que não víamos:
- Está aqui o elevador!
A mesma voz atrás de mim que comentara a paragem em todos os apeadeiros fez‑se ouvir “não cabe mais ninguém!” no preciso momento em que surgiu um senhor e duas jovens, talvez o marido e as filhas, uma delas extraordinariamente bonita…o que terá contribuído para que finalmente alguns recuassem e pudessem entrar todos. Afinal ainda cabia mais alguém, e logo quatro.
Como sardinhas em lata mas protegidos assim de qualquer oscilação inesperada constatámos que finalmente subíamos.
Depois, não foi fácil chegar à porta para sair no meu andar, mas lá consegui e assim cheguei a horas à minha consulta.

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