Ele
até reparara como o Jaime ficava soturno antes das ditas reuniões. Mas ninguém
inventaria uma viagem inadiável por razões de família para evitar ir a uma,
certo?
Ali
começava-lhe a parecer-lhe que sim.
Nem
sabia como se deixara convencer, mas viu-se com uma Procuração nas mãos, e instruções
para votar contra obras, a procurar sem sucesso a sala de reuniões que… não
existia.
Eles
reuniam-se na garagem!
Escura
e fria, alguém trouxera para lá umas cadeiras em plástico. Todos pareciam
zangados e olhavam para ele com ar desconfiado. Antes mesmo que o interpelassem
viu-se a acenar com a Procuração: “estou a substituir o Jaime, não pôde vir,
razões de família”. Continuaram com o ar zangado. Esperava que não fosse uma
surpresa para o seu amigo mas os seus vizinhos não pareciam gostar dele.
Haveria
dois grupos e alguns dispersos como ele. Sentou-se perto de um rapaz menos
sisudo.
O
Administrador, cinquentão de fato, trazia um portátil “para alinhavar a acta”.
Uma
senhora magra de óculos pediu a palavra:
“ Isto tem de parar!”
Era
a proprietária da fracção do terraço, comentou o jovem ao seu lado. Reclamava
do lixo e das beatas.
-
“Mas agora tenho provas, filmei o
responsável!” Puxou do iphone e começou a mostrar o vídeo. Alguns
precipitaram-se para ver – talvez receassem ter sido filmados e regressaram com
sorrisos amarelos. Também ele não resistiu a espreitar.
E quem estava lá? O jovem mais simpático ao
lado de quem se sentara. Fumava pensativamente um cigarrinho, mas não estava
numa janela ou varanda virada para o terraço e sim no hall de entrada em baixo.
Dali nem a cinza chegaria ao terraço.
O
administrador perguntou quem mais fumava, sete acusaram-se.
Decidiram
deliberar que as beatas viriam é do prédio do lado (e felizmente ninguém falou
em obras…).
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