quinta-feira, janeiro 03, 2019

Post 6955 - Desafio de Escrita 7/10 - Um homem entra numa loja



Um homem entra numa loja, e pouco depois, agarrando um blusão, sai apressado.
A funcionária estava meio atenta mas talvez pelo movimento súbito apercebe‑se do sucedido e alerta o segurança, que por sua vez chama outro.
Corre atrás dele pelo centro comercial, na direcção do colega, e cercam-no.
Trocam insultos que envolvem as respectivas mães, até que conseguem agarrá‑lo.
Entretanto, chegam dois agentes da polícia que o levam detido para a esquadra. O blusão é apreendido como meio de prova e a gerente formaliza a queixa.
Duas horas depois é conduzido ao tribunal para o julgamento em processo sumário. O defensor que lhe foi nomeado aconselha-o a confessar “porque a prova é forte”, e diz-lhe varias vezes que “deve declarar-se arrependido.”
Esperam os cinco no grande hall, ele, o defensor, os dois agentes e a funcionária da loja.
Um dos agente conta uma piada:
“Um homem entra numa loja de lingerie, vai ter com a funcionária ao balcão e pede-lhe: “Precisava de ajuda para escolher uma prenda para a minha namorada”
Ela responde-lhe a sorrir, “Tenho umas meias com liga muito finas, quer ver?
- “Claro, mas primeiro queria escolher a prenda”.
Os quatro riem. Ele, não.
Entra finalmente para a sala de audiência. Dizem-lhe para se levantar quando entra o juiz. Todos ali vestem preto, menos ele, e a sala é gelada.
Confirma os dados da sua identificação, ouve a acusação. Quando o juiz lhe pergunta se quer falar, diz primeiro que não, depois lembra-se:
“Declaro-me arrependido!”
- “Mas afinal confessa?”, pergunta o juiz.
O defensor acena-lhe para responder que sim e é o que faz.
Mal ouve ou percebe a sentença. Foi condenado numa multa. O defensor explica-lhe que se não pagar pode ir preso.
Pensa depois: ninguém lhe perguntou, mas o blusão era o dele.

4 comentários:

  1. Fez-me recordar uma história que sempre escutei à minha mãe, supostamente passada com o já falecido actor Camilo de Oliveira, que sentado sobre o seu próprio carro, em pleno Estado Novo, é instado por um polícia a sair de cima do veiculo. Cujo recusando-se o interpelado a obedecer ao senhor agente, acaba levado para a esquadra e resumo que acusação dum lado e contradição do outro se terminou sabendo que o veiculo era do próprio acusado, ao que o agente perguntou: então porque não disse logo? E o acusado respondeu, porque até ao momento ninguém me havia perguntado!

    Esperando já esteja a ser, desejo continuação de

    Feliz 2019

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    1. Não conhecia a história, gostei.
      obrigada e Feliz 2019 também

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  2. Se calhar há muitos julgamentos apressados como este! :)

    Abraço

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