Novamente em concurso de escrita, depois do envio de dois textos só não estou em último porque não me chamo Zelda ou Zoraida e alguns não enviaram um ou os dois textos.
Sendo assim, tomei a grande decisão de recorrer ao auxílio de seguidores e já consegui arregimentar um primeiro voluntário para o terceiro texto.
Irei agora postar o que eu escrevi e o que escreveu seguidor.
E agora vem o desafio, qual foi o texto que eu escrevi e qual foi o texto que escreveu seguidor?
Texto 1
Estava
tudo arranjado, convites enviados, catering contratado com empresa
especializada que fornecia a decoração e o entretenimento, um artista
ventríloquo que fazia animais com balões e truques de ilusionismo. No grande
dia, acordou cedo para receber funcionários da empresa com a comida e material
para a festa. Decoraram a sala e deixaram tudo pronto. Quando foi cantar os
parabéns ao filho para o despertar já a casa estava transformada, com fitas,
balões e o bolo de aniversário.
Tinham
já começado a chegar alguns pequenitos quando lhe ligaram da empresa: o artista
tinha adoecido.
Precisava
de arranjar alguém rapidamente e não estranhou quando viu um folheto no chão.
Pensou que teriam sido os funcionários da empresa ou algum pai. No papel estava
apenas escrito Palhaço e o número para o qual ligou. Tocou uma vez e atenderam,
mas de lá ninguém dizia nada. Ela perguntou se falava de alguma empresa a quem
podia contratar o serviço para uma festa infantil. Ouviu a sua voz ansiosa e
preocupada por ser para aquele mesmo dia e quando esperava uma resposta, a pausa
prolongou-se por longos segundos até que uma voz rouca perguntou: “onde?” Disse
a morada e desligaram. Nem quinze minutos depois tocaram à porta e foi abrir. Assustou‑se.
À sua frente um vulto enorme vestido de palhaço, mas um palhaço diferente. Nem
rico, nem pobre, nem alegre, nem triste, rosto pintado de branco, nariz de bola
e peruca vermelhos, mas olhos rasgados, verdes e estranhos.
Depois
soube fazer os animais com balões e truques com cartas, pôs o boneco a falar
sem mexer os lábios, e brincou com as crianças.
No
final do dia os pais vieram buscar os filhos. Estava cansada mas aparentemente
fora um sucesso, até que reparou: não via mais o palhaço, e faltava uma
criança, o seu filho.
Texto 2
Filho único
Tinha os olhos com pupilas negras, paradas, enterrados na
face grotescamente dilatada. Recordavam-lhe os de uma ratazana maliciosa,
prestes a atacar, patas e dentes aguçados que se iriam cravar raivosamente
nele. Avançou cuidadosamente mas estava escuro (a divisão tinha as janelas
pintadas de negro e a iluminação vinha dos vários écrans ligados ao mesmo
tempo). Fixou os olhos no rapaz com os seus mais de cem quilos esparramados no
sofá, de súbito perdeu o equilíbrio e caiu aos seus pés Tropeçara num fino fio
negro preso à altura dos tornozelos. Com uma rapidez surpreendente o rapaz
deslizou para cima do seu peito e sentou-se com um brilho de satisfação na cara
antes sem expressão. Tentou em vão empurra-lo e depois a respiração tornou-se cada
vez mais difícil. Não conseguia fazer os movimentos musculares necessários e
sentiu-se lentamente a sufocar. As cores da maquilhagem de palhaço
esborratavam-se com a transpiração e o seu choro aflito. Esbracejava sem
encontrar ponto de auxílio, morria estupidamente.
De repente o peso foi removido, uma mulher gritava ao
rapaz e este regressava de má vontade para o sofá negro. A mulher não o ajudou
a levantar-se, perguntava-lhe como chegara até ali, fazia-o sentir-se culpado
por ter seguido cegamente as instruções dadas pelo contratador. Não, não estava
marcada uma festa para crianças; a única criança em casa era o filho de dez
anos e este odiava palhaços. A porta estava aberta e não viera ninguém
recebê-lo, não achava estranho?! E que não pensasse que lhe ia pagar alguma
coisa só por estar ali com o filho…
Enquanto saia apressado ouviu-a ainda dizer ao pequeno
que já não havia mais espaço na cave e que não ia fazer outra cova no jardim
com aquele tempo, já era tempo de parar com aquelas brincadeiras…
Inclino-me para o primeiro texto. Se acertar digo-te porquê. Isto, claro está, se quiseres saber.
ResponderEliminarBom fim de semana, Gábi
Quero saber, sim!
ResponderEliminarbom fim-de-semana também, Gina
e um beijinho
Bom, acho que o teu é o primeiro.
ResponderEliminarE porquê? :)
Eliminar...Sou da mesma opinião - fico pelo primeiro texto, as palavras "encantadas" são belas e eu gosto delas assim, encantadas. Bom fim de semana:-)
ResponderEliminarEu arranjei uma palhaço assustador, seguidor uma criança assustadora, falta agora alguém que faça uma mãe assustadora :)
ResponderEliminarobrigada, uma boa semana e um beijinho
Cá está então o meu porquê:
ResponderEliminarNos contos que apresentas no blogue, considero a tua escrita escorreita, pouco dada a adjetivos e/ou alargadas descrições. O segundo conto é dentro desse género, daí a minha conclusão.
Beijinhos
Obrigada, Gina. Agora tenho de pensar se deveria tentar adjectivar e descrever mais...
Eliminarum beijinho
Não penses lá muito, Redonda, é que assim como está, está bom.
EliminarBeijinhos