sexta-feira, novembro 11, 2016

Post 5874 Post Sigiloso e Desafio - 3/10

Novamente em concurso de escrita, depois do envio de dois textos só não estou em último porque não me chamo Zelda ou Zoraida e alguns não enviaram um ou os dois textos.
Sendo assim, tomei a grande decisão de recorrer ao auxílio de seguidores e  já consegui arregimentar um primeiro voluntário para o terceiro texto.
Irei agora postar o que eu escrevi e o que escreveu seguidor.
E agora vem o desafio, qual foi o texto que eu escrevi e qual foi o texto que escreveu seguidor?


Texto 1

Estava tudo arranjado, convites enviados, catering contratado com empresa especializada que fornecia a decoração e o entretenimento, um artista ventríloquo que fazia animais com balões e truques de ilusionismo. No grande dia, acordou cedo para receber funcionários da empresa com a comida e material para a festa. Decoraram a sala e deixaram tudo pronto. Quando foi cantar os parabéns ao filho para o despertar já a casa estava transformada, com fitas, balões e o bolo de aniversário.
Tinham já começado a chegar alguns pequenitos quando lhe ligaram da empresa: o artista tinha adoecido.
Precisava de arranjar alguém rapidamente e não estranhou quando viu um folheto no chão. Pensou que teriam sido os funcionários da empresa ou algum pai. No papel estava apenas escrito Palhaço e o número para o qual ligou. Tocou uma vez e atenderam, mas de lá ninguém dizia nada. Ela perguntou se falava de alguma empresa a quem podia contratar o serviço para uma festa infantil. Ouviu a sua voz ansiosa e preocupada por ser para aquele mesmo dia e quando esperava uma resposta, a pausa prolongou-se por longos segundos até que uma voz rouca perguntou: “onde?” Disse a morada e desligaram. Nem quinze minutos depois tocaram à porta e foi abrir. Assustou‑se. À sua frente um vulto enorme vestido de palhaço, mas um palhaço diferente. Nem rico, nem pobre, nem alegre, nem triste, rosto pintado de branco, nariz de bola e peruca vermelhos, mas olhos rasgados, verdes e estranhos.
Depois soube fazer os animais com balões e truques com cartas, pôs o boneco a falar sem mexer os lábios, e brincou com as crianças.
No final do dia os pais vieram buscar os filhos. Estava cansada mas aparentemente fora um sucesso, até que reparou: não via mais o palhaço, e faltava uma criança, o seu filho.

Texto 2
Filho único
Tinha os olhos com pupilas negras, paradas, enterrados na face grotescamente dilatada. Recordavam-lhe os de uma ratazana maliciosa, prestes a atacar, patas e dentes aguçados que se iriam cravar raivosamente nele. Avançou cuidadosamente mas estava escuro (a divisão tinha as janelas pintadas de negro e a iluminação vinha dos vários écrans ligados ao mesmo tempo). Fixou os olhos no rapaz com os seus mais de cem quilos esparramados no sofá, de súbito perdeu o equilíbrio e caiu aos seus pés Tropeçara num fino fio negro preso à altura dos tornozelos. Com uma rapidez surpreendente o rapaz deslizou para cima do seu peito e sentou-se com um brilho de satisfação na cara antes sem expressão. Tentou em vão empurra-lo e depois a respiração tornou-se cada vez mais difícil. Não conseguia fazer os movimentos musculares necessários e sentiu-se lentamente a sufocar. As cores da maquilhagem de palhaço esborratavam-se com a transpiração e o seu choro aflito. Esbracejava sem encontrar ponto de auxílio, morria estupidamente.  
De repente o peso foi removido, uma mulher gritava ao rapaz e este regressava de má vontade para o sofá negro. A mulher não o ajudou a levantar-se, perguntava-lhe como chegara até ali, fazia-o sentir-se culpado por ter seguido cegamente as instruções dadas pelo contratador. Não, não estava marcada uma festa para crianças; a única criança em casa era o filho de dez anos e este odiava palhaços. A porta estava aberta e não viera ninguém recebê-lo, não achava estranho?! E que não pensasse que lhe ia pagar alguma coisa só por estar ali com o filho…
Enquanto saia apressado ouviu-a ainda dizer ao pequeno que já não havia mais espaço na cave e que não ia fazer outra cova no jardim com aquele tempo, já era tempo de parar com aquelas brincadeiras…

9 comentários:

  1. Inclino-me para o primeiro texto. Se acertar digo-te porquê. Isto, claro está, se quiseres saber.

    Bom fim de semana, Gábi

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  2. Quero saber, sim!
    bom fim-de-semana também, Gina
    e um beijinho

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  3. ...Sou da mesma opinião - fico pelo primeiro texto, as palavras "encantadas" são belas e eu gosto delas assim, encantadas. Bom fim de semana:-)

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  4. Eu arranjei uma palhaço assustador, seguidor uma criança assustadora, falta agora alguém que faça uma mãe assustadora :)
    obrigada, uma boa semana e um beijinho

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  5. Cá está então o meu porquê:
    Nos contos que apresentas no blogue, considero a tua escrita escorreita, pouco dada a adjetivos e/ou alargadas descrições. O segundo conto é dentro desse género, daí a minha conclusão.

    Beijinhos

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    1. Obrigada, Gina. Agora tenho de pensar se deveria tentar adjectivar e descrever mais...
      um beijinho

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    2. Não penses lá muito, Redonda, é que assim como está, está bom.

      Beijinhos

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