quarta-feira, julho 20, 2016

Post 5767 10.10 Ensaio

Sobre o conceito de fim

Pelo fim, poderemos pensar na morte.
A minha morte. A morte de cada um de nós.
Em termos abstractos e se não for crente, pensarei nela como o fim. Independentemente do que possamos preferir ou de sermos jovens ou velhos, saudáveis ou doentes, fracos ou fortes. É sem dúvida mais apelativa a ideia da alma imortal, mesmo com a expiação dos pecados num inferno ou purgatório, ou as reencarnações castigadoras e educadoras, de insecto a ente superior.
Se considerarmos que ninguém parece ter até à data regressado, pelo menos, depois de bem morto e enterrado, para lá de uma reanimação, num verdadeiro ressuscitar cientificamente comprovado, e porque as injustiças que nos cercam, reforçam a conclusão da ausência de sentido, a morte-fim parece espreitar-nos a cada instante.
Será também a minha morte o fim do mundo, porque não mais o percepcionarei e não existirei sequer para poder pensar se o mundo continua.
Mas posso antes pensar no fim como objectivo ou propósito de vida. Todavia, também aqui poderá ser apenas quando termina a vida que se avalia o que se conseguiu, e ainda, se foi certo ou errado o que definimos, as opções que tomámos, o que preterimos e o que alcançámos.
E o final de uma etapa, de uma paixão, de uma relação, será apenas definitivo quando afastada qualquer possibilidade de retorno, quando confrontados com o fim da vida.
A terminar este texto, quero optar por negar o fim, permanecendo ao invés e sempre a mudança, ver cada um de nós como partículas que se ligam e se separam, se transformam e continuam. 

7 comentários:

  1. Gabrielamiga

    Fizeste-me lembrar um ditado velhinho: morrer e pagar quanto mais longe - melhor

    Bjs da Raquel e qjs do Leãozão

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  2. Parece-me um grande ditado :)
    beijinhos

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  3. Os átomos e moléculas de que somos compostos, não deixam de existir quando chegamos ao fim da vida.
    A nossa vida termina para dar novas vidas ao mundo. Penso eu de que, como diria esse grande sábio (cof cof cof) do Norte. eheheh

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    1. Tenho uma pequenina esperança que possa não terminar...mas se terminar, que seja para dar outras vidas, então :)

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  4. Lei de Lavoisier aplicada ao ser humano. Mas quando passas do estado consciente ao de matéria, o que é que fica? Muito pouco, apenas uma memória na memória dos outros, e até essa o tempo se encarregará de apagar. Nascemos do nada, voltamos para o nada, e é assim que deve ser.

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    1. Como assim é que deve ser? Parece-me que seria pelo menos mais interessante outra coisa qualquer, como reencarnarmos (desde que não num insecto ou algo assim), e haver um depois...

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  5. Quando morremos os átomos partem para outras combinações na nossa galáxia.
    É pouco mas é tudo apesar de pensarmos o contrário.

    Pimenta e ouro

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