quarta-feira, janeiro 20, 2016

Post 5407 Foi

Foi para a cama com uma dor que lhe subia pelo braço.
Acordou a sentir-se estranho e saiu sem tomar o pequeno-almoço.
Mal tinha saído quando encontrou o seu amigo Luís. Não o via há anos e até tinha pensado que tinha morrido. Ele veio ter consigo, à vontade, como se estivessem estado juntos no dia anterior, e anunciou-lhe que estava atrasado para o leilão. Apesar de não saber do que falava, seguiu-o por ruas estreitas, até um velho prédio. Subiram as escadas de degraus de madeira inclinados e cobertos por uma tapeçaria antiga, vermelho desbotado. Entraram num salão interior, onde estavam sentados dois homens e três mulheres de idade, vestidos de escuro. O Luís disse-lhe para se sentar.
Por outra porta lateral entrou o leiloeiro. Era alto e magro, e deu de imediato início aos lances.
Inadvertidamente levou a mão ao rosto para abafar um espirro e apercebeu-se que sem querer tinha licitado uma obra. Não sabia qual, mas sabia que não tinha como a pagar e quase entrou em pânico.
Um homem ao seu lado reparou e assumiu a licitação. Quis agradecer-lhe e ele pareceu-lhe familiar. Lembrava-lhe o seu pai, ou melhor, a si mesmo, só que mais velho.
O seu eu de mais idade virou-se então para ele e disse‑lhe: “É a tua alma que está em jogo e pela forma como viveres a tua vida é que poderás ou não ter o valor para não a perderes.”
Acordou em sobressalto no seu quarto, ainda com o aperto no peito, rodeado por paramédicos chamados pela mulher.
Durante algum tempo pensou se teria tido alguma experiência de pós-morte, se seria um aviso. Teve cuidado com a saúde e com a forma como agia com os outros.
Depois voltou a agir como antes e até a preocupação se foi.

11 comentários:

  1. Bom dia!!!
    E que situação!!!!
    Adorei o texto!
    bjs
    Ritinha

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  2. Bom dia, gostei.
    Beijo e tem um excelente dia

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  3. Obrigada Ritinha :)
    um beijinho



    Obrigada Cristina Sousa :)
    um beijinho e um excelente dia (agora quase no final, mas de novo amanhã) também

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  4. É mesmo assim Gábi!
    Este teu texto fez-me lembrar o ditado "Só nos lembramos de Santa Bárbara quando chove?"
    Assim que o susto passou voltou tudo ao normal :)

    Um beijinho

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    Respostas
    1. Comigo só não é assim quando o susto é muito grande :)
      um beijinho

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  5. Foi e foi muito bem...escrito, é que foi! :)
    Gostei deste texto, Gábi.

    Se a preocupação se foi, pois que tenha ido e não volte.

    Há sustos que não deixam sequelas! Mas a amiga Fê tem razão!

    Beijinhos para ambas.

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  6. Pois tudo passa até ao próximo susto :)

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  7. Pelos vistos o susto não surtiu grande efeito :)

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