sexta-feira, abril 30, 2010

Reflexões profundas 303

Sempre que penso que até não sou má pessoa, basta entrar dentro de viatura e conduzir alguns metros durante breves segundos para cair na realidade. Devo ter ficado com algum trauma de quando andava a aprender a conduzir e era completamente trenga (agora sou só relativamente). O primeiro instrutor (pelo que me lembro, tive mais três, mas nenhum como o primeiro) era enorme, silencioso e assustador. A única vez que senti alguma simpatia da sua parte foi quando um outro veículo veio contra nós. Saiu lá para fora para vociferar contra o outro que assumiu logo a culpa e naquela altura ter-me-á olhado não como instruenda inapta mas como eventual testemunha do seu lado. Foi um momento de partilha significativo. A frase que ele mais me repetia era "Mexa-me esses braços". Ele tinha como prática na última aula antes do exame pegar num jornal e começar como que a lê-lo, de forma a demonstrar a confiança que tinha no futuro ex-aluno. Eu aproveitei essa situação libertadora para passar um vermelho...deu para comprovar que ele não estava mesmo a ler o jornal.
Estranhamente não passei à primeira (comecei de forma inexplicável a confundir a esquerda com a direita, o que antes nunca me tinha sucedido, e fiquei logo arrumada quando o "Engenheiro" me disse para virar à esquerda e eu virei à direita ou o contrário). E também não passei à segunda (aí, já mais desenvolvida como condutora, foi o estacionamento numa rua inclinada que me tramou) mas só à terceira.
Voltando ao trauma, como fui muito buzinada, claro que agora naturalmente tenho problemas de aceitação quando vejo outros condutores a serem trengos ou espertos (no sentido de andarem a dar o golpe, acelerarem para não ceder a prioridade, etc.) sobretudo neste último caso, porque deviam ser estes os que me buzinavam antes. Por isso, pegando no carro, não consigo ficar zen e pacífica em relação à humanidade em geral, começo a excluir outros condutores desta categoria (da humanidade, mesmo) e logo tenho de me excluir também por não o ter conseguido.

10 comentários:

  1. :-))))))))))))))))))))))))) Muito bom!

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  2. Só tive um instrutor e era muito mal encarado!
    Já lá vão muitos anos mas ainda me lembro do nome...
    Chamava-se Lourenço!

    Abraço

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  3. obrigada Privada :)



    Será que tivemos o mesmo instrutor, Rosa dos Ventos :)
    Não me lembro do nome do primeiro ou dos outros...penso que o último se chamaria Paulo
    um beijinho

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  4. É um metodo de ensino que devia ser corrigido.
    1º quando se começa a conduzir utilizam-se ruas conhecidas, sabemos onde virar, nem que correspondam ao dobro do percurso;
    2º se conduzirmos acompanhados a pessoa aponta esquerda e levanta o braço.
    3º o trauma do ESQUERDA DIREITA, inviabiliza completamente o futuro uso de um GPS.

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  5. Nem mesmo com um temporal dos piores, num chaço a que não estava habituado e com um "Inginheiro" saído em sorte, sabe-se lá de onde a fazer-se ao envelope, me fizeram inverter a marcha. Passei à primeirinha, ufffa...

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  6. Talvez nas primeiras aulas se possa seguir esse método Privada e depois evoluir para o desconhecido... :)





    Incrível Paulofski :) eu nem precisei do temporal, do chaço e do "inginheiro" para chumbar sozinha à primeira :)

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  7. Fantástico...Mulher ao volante em estado Zen?
    rssssss
    Dis-me por que ruas circulas ok.

    beijinho

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  8. Muito pouco zen, João Marinheiro e circulo por todas :)

    ... excepto Lisboa e avenidas compridas e cheias de condutores buzinadores.

    um beijinho e uma boa semana

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  9. Só para dizer que me fartei de rir com este teu post... bjs

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