sábado, junho 07, 2008

Atelier de escrita II - A continuação (apenas devida aos comentários!)

Voltamos então à fatídica tarde, início da noite, em que ocorreu, salvo erro, a quinta sessão do 3º atelier de escrita...
Só no final, depois de termos permanecido em absoluto silêncio enquanto escrevíamos (excepto o barulho das canetas sobre o papel e os esclarecimento facultados aos colegas que chegaram atrasados, como eu, e já agora também o barulho dos passos dos colegas que chegavam atrasados, procuravam um lugar, sentavam-se e perguntavam aos outros o que é que estavam a fazer...) é que pouco a pouco se começaram a ler os textos. Depois da leitura de cada um, o Professor revelava afinal qual era o cheiro na caixa. Gostei especialmente das situações em que dois colegas dividiam a caixa, pelas diferentes aproximações que faziam. Assim duas colegas sortudas a quem saiu uma caixa com água de colónia falaram de frutos. Uma outra colega escreveu um texto que nos induzia a crer que o cheiro não lhe era agradável. O colega com a mesma caixa escreveu um texto que enaltecia o odor, e era: vinho!
Segue-se o texto que escrevi, com um desafio ou uma adivinha: de que é o cheiro? (devo é só acrescentar que não gostei do texto ou do cheiro, mas foi o que consegui arranjar e até me diverti a escrevê-lo):
De repente, sentiu necessidade de ir a casa de banho. No edifício vazio àquela hora, não havia ninguém a quem perguntar onde ficavam, nem nenhum sinal identificativo. Resolveu procurar. Deu alguns passos em direcção a um corredor mais escuro e sentiu o cheiro. Estava na direcção certa. Continuou. À frente, a intensificação do odor, confirmou-o. Por uma porta aberta à sua direita viu as louças brancas. Chegara onde queria, só esperou que estivessem suficientemente limpas para as poder usar."

13 comentários:

  1. Vim visistar-te a deixar-te um beijo após uma longa e forçada ausência.

    ResponderEliminar
  2. O cheiro!... Uma maneira de identificar muitas coisas.
    Felicidades

    ResponderEliminar
  3. Parece-me um romance policial, o seu texto. Cheio de tensão... agora ficava curioso com a sequência... "suspense"!

    ResponderEliminar
  4. gostei do teu texto...

    tem tudo o que deve ter uma boa história...

    abraço Redonda

    ResponderEliminar
  5. Obrigada pela visita Gui. Fiquei contente por saber que estás de volta. Um grande beijinho para ti.



    Olá DE-PROPOSITO :) e foi o tema da última sessão :)
    Obrigada. Um bom Domingo e um beijinho



    Humm, já pensei em escrever um C.M., mas imaginava-o diferente :)



    Obrigada Luis Eme :)
    um beijinho

    ResponderEliminar
  6. ...com certeza, deveria ser um banheiro, não?
    Seu texto é ótimo! Gostei daqui...Voltarei!
    Beijos de luz e uma semana feliz!!!

    ResponderEliminar
  7. Obrigada Mundo Azul
    um beijinho e uma semana feliz!

    ResponderEliminar
  8. Cheiros

    Estava eu deitado à espera, sempre à espera (de quê nem sabia bem), ruminando tudo e mais alguma coisa e mais algum tempo também quando, de repente, comecei a sentir um cheiro que me era familiar. E esse cheiro tornava-se cada vez mais intenso à medida que o ecoar dos passos se tornava mais forte e pesado. Aproximava-se, é isso, aproximava-se. E vinha na minha direcção. Então comecei a ficar agitado, lentamente a entrar em ebulição e a pensar: “Mas será, será mesmo? Era bom demais... mas... é isso! É esse o seu cheiro, é hoje, fixe!”. E não é que era mesmo aquele aguardado, desejado, sonhado, ansiosamente aguardado e desejado e sonhado corpo pelo qual eu suspirava há intermináveis séculos que já se começava a ver, ao longe ainda! Mas não havia qualquer dúvida. “É mesmo hoje, fixe!”.

    Levaram-nos para a sala maior onde cobri o Zé 100 Bolas, o boi castrado cá do estábulo, tendo a recolha de esperma corrido às mil maravilhas, apesar do método do coito interrompido não ser o meu preferido. Só tenho pena é de não me terem dado um banho a seguir para me livrar do cheiro nojento com que fiquei.

    ResponderEliminar
  9. (Outros) Cheiros

    O cheiro dela não era o cheiro dela. Eu explico. O cheiro dela já era o cheiro dela mesmo antes dela. Eu explico melhor. Quando subia as escadas de sua casa, elas cheiravam a uma mistura de cera com madeira velha e com aquela coisa estranha a que cheiravam todas as porteiras, uma espécie de desinfectante com aditivo de suor e esfregonas podres; em resumo, cheirava-me à proximidade dela, o que já acalmava um pouco a minha ansiedade adolescente.

    Depois tocava à porta e, quando a abriam (a mãe, o pai...), todo o cheiro da casa dela, em que se misturavam mil perfumes e aromas diferentes com momentos, com ambientador em spray, com urina de gato, com sons, com a comida do vizinho - o sacana que deixava sempre a janela aberta quando fazia sardinhas assadas; enfim, tudo isso, toda aquela mistura familiar de cheiros me fazia estar mais perto dela, ainda mesmo sem ela.

    E então ela surgia, como o nascer do dia - cheirava a manhãs de orvalho, cheirava a fresco, cheirava a ela. E o seu olhar que se aproximava cheirava a beijo e o seu beijo cheirava às estrelas que velam pelos amores puros e as estrelas que se soltavam do seu beijo cheiravam a desejos por expressar e os desejos emergiam da pele e cheiravam a mil cheiros de uma só vida com pouco tempo, com todo o tempo para viver – então o cheiro dela misturava-se com o meu e o meu entrelaçava-se, docemente, com o dela, até que partíamos juntos, à procura de todos os momentos, de todos os cheiros ainda por descobrir.

    ResponderEliminar
  10. É, tive mesmo sorte, Rosa dos Ventos :)
    um beijinho


    Cuotidiano...fiquei sem palavras...quase.
    Espero que destes comentários tenhas feito um post (depois vou espreitar) porque estão incríveis! um beijinho

    ResponderEliminar
  11. suponho que foi assim que pela primeira vez Redondinha visitou a AR

    ResponderEliminar