terça-feira, novembro 06, 2007

Freud explicaria isto...

Eu costumava achar engraçado nos outros o saudosismo da infância, sobretudo quando com um desses outros tinha partilhado a infância para a crer não tão dourada assim. Agora surpreendo-me a mim própria a achar que até tivemos uma infância cheia de imaginação.
Nada de brincadeiras com bonecas, ou muito raramente. Afinal o que é que se podia fazer com elas? Fingir que eram nossas filhas, vesti-las, dar-lhes comida imaginada em louça de brincar? Uma seca! Não. Nós fomos muito mais longe e inventámos a brincadeira dos bonecos. :) :)
Antes que alguém que leia isto comece a pensar que este texto ainda está mais obtuso do que o habitual (o que não seria fácil - embora por outro lado seja de estranhar alguém que vem fazer comparações, porque significa que leu o que está para trás) é melhor explicar que brincadeira imaginativa era esta.
Primeiro cumpre definir o que eram os bonecos. Muito bem, eram bonecos! :)
Eram bonecos pequenos que tanto podiam ser representações de animais como de pessoas, tinham era de ser de tamanhos aproximados. O especial nesta brincadeira reside no que vou dizer a seguir. Aqueles bonecos podiam ser e eram, tudo! Num dia, inquilinos em diversas fracções dum prédio que iam conhecendo os vizinhos, envolviam-se uns com os outros, etc. etc. No outro dia, tripulantes duma nave espacial, perdidos no universo. Já no dia seguinte, pacatos aldeões confrontados com um psicopata assassino entre eles. Tudo era possível. E talvez por causa dessa brincadeira pensei que uma das carreiras que quereria seguir era a de actriz, pela possibilidade de saber como seriam outras vidas. Agora penso que muito melhor é usar a imaginação e escrever.

8 comentários:

  1. eu abria a boca das bonecas com uma faca afiada... para lhes dar pápa. apertava as bochechinhas para que abrissem a boca e zás. só quando a comida começou a sair pela raiz dos cabelos, a minha mãe reparou...
    talvez, se as bonecas fossem muito grandes, tivesse reparado na diminuição da pápa no frasco...
    também havia a guerra dos pericos...
    a sopa de relva e batata crua...
    os carnavais fora de hora...
    as idas às amoras...
    as visitas aos galinheiros...

    beijoca

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  2. Também foste mais longe Pin Gente :):) e fizeste-me a rir a imaginar as coitadas das bonecas com a comida a sair pela raiz dos cabelos :)
    um beijinho

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  3. Muito bom pin gente!

    Bem, essa brincadeira não era muito diferente das minhas.
    Eu brincava com clicks (playmobil's) e com GI Joe's e às vezes com bonecos de outras raças mas que eram de tamanhos aproximados. Com estas misturas criava uma cidade dividida entre terras altas e a cidade normal. As terras altas eram, obviamente, na cama. Tudo aquilo era uma ilha. Havia um presidente de câmara e oposição, polícia, um exército, rebeldes, máfia e contrabando.
    À medida que fui crescendo e comecei a intelectualizar a brincadeira compreendi logo o que queria ser quando fosse grande - Primeiro-Ministro. Mais tarde segui Direito. Estava escrito.

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  4. muito bom, jorge!
    ri-me a bom rir...

    luísa

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  5. Acho que também brincavas aos bonecos Jorge C :)

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  6. (Ah. Brinquei até aos 14/15. Fechava-me no quarto para não passar vergonhas. Dava-me tanto prazer. E ainda dá, mas tenho vergonha).

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  7. :):) brincar com irmãs é ainda melhor :)(e acho que eu consegui também brincar até essa idade - vantagens de ter uma irmã mais nova :)

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