quarta-feira, setembro 06, 2006

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(ilustração tirada do mesmo site que as anteriores porque estou com demasiado sono para continuar a tentar encontrar no Google uma fotografia do Wittgenstein e só agora me lembrei que podia ter tentado encontrar uma fotografia de um rinoceronte; esta fotografia pode ilustrar o pensamento filosófico no sentido de sublinhar o isolamento voluntariamente experienciado como forma de reagir perante o inesperado através da reflexão e do estudo, ou no sentido de como pode ser tortuoso e complicado ...)
Vou partilhar agora com hipotéticos eventuais leitores (que vieram aqui porque estavam com insónia e queriam ver se conseguiam ganhar sono) algumas máximas retiradas do livro "Ludwig Wittgenstein em 90 minutos" de Paul Strathern quanto à perspicácia sucinta de alguns filósofos. Temos assim (pág. 33) :
- "Conhece-te a ti mesmo" de Sócrates
- "Penso, logo existo" de Descartes
- "Deus morreu" de Nietzsche e
- "Sobre aquilo de que não podemos falar, temos de calar-nos" de Wittgenstein (a minha preferida e que ainda não conhecia)
"Existem dois tipos significativos de proposição. No primeiro, que se encontra na matemática e na lógica, o significado do sujeito está contido no significado do predicado. São tautológicos, ou seja, verdades evidentes por si só, e isto pode ser verificado através da comparação do sujeito com o predicado. Por exemplo "doze menos dez é dois".
O segundo tipo de proposição é verificável através da observação. (...)
Se não for possível verificar uma afirmação é porque ela não tem sentido.
Isto pôs de lado toda a metafísica, a qual incluía afirmações teológias do género "Deus existe". Na opinião de Wittegenstein, uma pergunta como "Será que Deus existe?" não é apenas incapaz de ser respondida como é também incapaz de, antes de mais, ser perguntada na medida em que vai para lá dos limites da lógica e, por isso, não tem sentido. Nós pura e simplesmente não podemos falar com sentido sobre aquilo que não é tautológico ou, de outro modo, verificável através da observação." (págs. 38 e 39).
No entanto, antes de escrever o Tractatus Logico-Philosophicus, Wittegenstein recusava-se a aceitar a afirmação de Bertrand Russel de que sabia não existir nenhum rinoceronte na sala (pág. 16).
Agora quandos nos falarem de Wittegenstein podemos pensar em rinocerontes e lembrar que "sobre aquilo de que não podemos falar, temos de calar-nos".

11 comentários:

  1. Cara Redonda.

    Nunca li esse Wittgenstein, que suspeito ser judeu-alemão - senão veja-se o sufixo «Stein» tão comum entre os hebraicos - mas, por aquilo que me foi dado perceber, acho-o pouco simpático,ao menos no que a mim respeita, pois, precisamente, uma das coisas que mais gosto de fazer é repetir, até à exaustão, verdades tautológicas, insufismáveis - quando as sinto como uma explosão de verdade - tais como: amo-te!, adoro-te!, quero-te!, desejo-te! - e ainda que tal procedimento constitua um desafio à severa construção da lógica das evidências.

    Esse Wittegenstein, tanto quanto me é dado imaginar, parece sofrer de um mal empedernido.

    Acho que sofre imenso: a)de uma séria paixão por si mesmo e, coitado, precisa de atenção, miminhos, como eu, e tanta gente, de quando em quando; b) ou, pior, apaixonou-se por si mesmo, alimenta um narcisimo feroz, incontido; c) ou ainda pior, é um idiota total.

    De qualquer maneira, acho que é preciso lê-lo, até para tentar diagnosticar do que se trata.

    «Sobre aquilo que não podemos falar temos de calar-nos...»

    1) Quais são as matérias ou assuntos interditos à nossa expressão ou comentário? Será que não é precisamente da expressão, da dialéctica, que nasce a luz, a verdade?

    2) Não é, quantas vezes, pensando em voz alta, tacteando, errando, partilhando sentires, que se vislumbram as verdades?

    Detesto os profetas da verdade absoluta. Prefiro muito mais os cépticos ou os da corrente do beneficío da dúvida...

    Cumprimentos do madrigalstein

    J.R.

    Um beijinho enormissímo.

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  2. Cara Dona Redonda: Então não percebe nada de futebol e sabe quem é o "inspirador" Vitor Baía ?
    Beijinhos, Tobaili.

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  3. Olá Madrigal :)
    Tu escreves tão bem...gosto muito, muito de te ler.
    Um beijinho muito grande para ti.

    Olá Angi :)
    Gostei muito dos teus comentários, deste e do colocado no post anterior que fui logo ler, antes de responder aqui.
    Um beijinho

    Olá Tobaili :)
    Então o Vitor Baía tem alguma coisa a ver com futebol? é que eu estava apenas a vê-lo como o fundador da Fundação Vitor Baía e não sabia que ele tinha alguma coisa a ver com o jogo.... :)e já agora o que é ele neste mundo do futebol, director de algum clube? jogador? :)
    Um beijinho

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  4. Viva!
    Muito obrigado pela visita e comentário no meu pobre (mas respeitado)PopulusRomanus.

    Do ainda pouco que vi por aqui, só tenho a aplaudir. Um blog "relaxado" com muita massa critica.Que bom!

    Mas como «sobre aquilo que não podemos falar temos de calar-nos...», voltarei mais tarde para novos encontros.

    Se me permite... um beijo.

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  5. PArtindo do princípio que não se pode afirmar "Deus existe" pela mesma lógica também não se pode afirmar "Deus não existe".
    A lógica de pensamento é a mesma.
    Gostei do blogue e prometo continuar a passar.
    Continur.

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  6. Desculpe mais esta ideia:
    "Sobre aquilo que não podemos falar temos de calar-nos...»
    Este pensamento deve dar um jeito enorme às ditaduras. Passamos a estar calados não por causa da censura, polícia política, etc, mas sim por motivos filosóficos.
    Reconheço que esta nunca me havia passado pela cabeça.

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  7. A frase em si não julgo que possa servir de muleta para quaisquer ensejos ditatoriais. Wittgenstein não está a fazer um ataque à liberdade de expressão. Ele refere-se sobretudo à validade do que possa ser dito em certos assuntos. Podemos falar, opinar, partilhar sentires, etc., sobre determinados assuntos, mas que por não serem passíveis de verificação, nunca poderão ser considerados inteiramente válidos. Wittgenstein não manda calar ninguém. O que ele diz é mais ou menos isto: falem para aí, mas nunca lá vão chegar... se tiverem consciência dos limites das próprias questões que colocam, verão que não faz sentido continuar.. não há caminho para andar...

    Não é que eu concorde em absoluto com os termos do Wittgenstein, não sei o suficiente, nem o básico diria. Dei apenas a minha interpretação da máxima citada. Apenas isso.

    Beijinho para ti minha amiga!

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  8. Olá Manuel Neves :)
    Eu é que tenho de agradecer visita e palavras, e o seu blog, o qual tenciono passar a frequentar, é muito rico em conteúdo. Será sempre muito bem-vindo!

    Um beijinho


    Olá Tozé Franco :)
    Que bom que gostou do meu blog porque já fui dar uma voltinha pelo seu e gostei muito dele.
    Gostei das ideias expostas nos seus comentários por isso vou agarrá-lo à promessa de voltar. Daqui a pouco vou visitá-lo de novo.

    Um beijinho


    Olá Cláudio :) eu também interpretei a frase como tu, embora me pareça que tu expuseste-o muito melhor.
    Um grande beijinho para ti meu amigo e bom estudo :)

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  9. Epa, depois de ler este post (de filosofia muito avançada para a minha pobre cabeça), vou seguir essa bela máxima (que explica porque sou um rapaz tão caladito) e vou calar-me, mais uma vez....:P

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  10. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  11. Seguires a máxima? Mas nem pensar !!! Acho que devemos interpretar a máxima ao contrário, nem que seja por espírito de contrariedade (no meu caso, porque na maior parte das vezes não tenho mesmo nada a dizer, mas digo-o na mesma; e no teu caso porque gosto de te ler...)
    Um beijinho

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