segunda-feira, julho 10, 2006

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Novo Tema: Memórias de Infância

Temos ou não memórias de infância e, no caso de as termos, desde quando?
Depois de trabalho apurado em campo, em conversas mantidas com diferente sujeitos representativos, cheguei a algumas conclusões:
- há quem tenha memórias muito recuadas, tipo "estava eu contente num ambiente escuro e protegido, no qual ouvia um barulho parecido com um aspirador, quando me forçaram a vir cá para fora e me bateram no traseiro para que chorasse...."; e
- há quem não tenha memórias nenhumas, do género "antes do liceu não me lembro de nada... "(este vácuo ainda me parece mais estranho...).
Entre estes dois pólos, variados sujeitos com memórias dispersas que conseguem mais ou menos identificar no tempo: "teria talvez dois anos, não, tinha sete e meio, quando parti a cabeça" ou "tinha seis anos quando fui para a escola" (esta última um clássico... com as conhecidas variações "tinha cinco anos..." e "tinha sete anos..." esta mais rara)
Penso que o que nos distinguirá, para guardarmos ou esquecermos, será termos ou não pensado nas memórias do passado ao longo do tempo. Claro que assim, se calhar o que lembramos já não serão as memórias do que se passou mas as memórias das memórias, senão quiçá as memórias, das memórias das memórias, do que se passou.
Neste momento, quem estiver a ler isto já terá concluído que não tenho nenhum curso em psicologia e nem sequer me dei ao trabalho de pelo menos ler qualquer coisa.
Pois é... como já referi antes este não é um blog sério. Embora ao pensar nisso, se calhar o que disse é que era ou ia passar a ser um blog sério. Mas como ninguém vai ler o que está para atrás (nem eu) também não faz mal.
Voltando ao anterior parágrafo, coloca-se então a questão da correspondência ou não das memórias das memórias com o que se passou realmente.
Bem, desde que não haja ninguém por perto que tenha, ou pretenda ter vivido o mesmo passado connosco e assim experienciado as mesmas memórias, para quê complicar? Podem ou não corresponder, desde que não sejam muito irrealistas, poderemos continuar a afirmar que em criança arrasávamos nos jogos, eramos o mais popular, a mais engraçada, a melhor aluna, o mais bonito, etc, etc (evitar a história da criança génio, indigo ou cristal, por ser mais complicado de manter, a não ser que seja mesmo verdade...).
Existindo alguém, tipo um irmão ou um amigo de infância, podemos sempre sugerir que afinal ele ou ela já não se lembra bem. Era demasiado pequeno ou tinha já crescido, ou nem sequer estava lá naquele dia... Mesmo isto não resultando, pode sempre qualquer um ficar na sua e pronto.
O importante é começarmos de imediato a pensar no que é que recordamos da nossa infância para ver se conseguimos construir ainda algumas memórias e, já agora, algumas memórias de jeito.
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2 comentários:

  1. "Mas como ninguém vai ler o que está para atrás"
    Grande erro!

    Memórias da infância?... Que é que eu almoçei hoje?

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  2. Pois é, grande erro! Não estava nada a contar com hipotético eventual leitor que persistentemente viesse ler o que está para atrás....

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