segunda-feira, junho 12, 2006

.


Feira do Livro - Café Literário

Fui à Feira do Livro aqui no Porto na sexta feira ouvir João Luís Barreto Guimarães, Manuel António Pina e Pedro Mexia falarem sobre poesia - Che cos'é la Poesia? - com a moderação de Luís Miguel Queirós.
Gostei muito, pelas definições que adiantaram, pelos poemas ou partes de poemas que declamaram e pelas questões que levantaram, como por exemplo se é possível traduzir a poesia.

Penso que foi António Pina que referiu que quando lê poemas de uma escritora polaca (de que não fixei o nome) poemas necessariamente traduzidos, porque não conhece a língua, tem a ideia que poderá estar a ler a sombra do que foi escrito. E referiu também que quando lhe pediram para rever uma tradução de poemas seus, para o francês, que é a sua segunda língua, sentiu a tentação de os rescrever, o que está interdito a qualquer bom tradutor.

Pedro Mexia referiu poetas que se se traduzem bem para francês e um que será intraduzível, pela ligação dos poemas a um contexto bairrista pressuposto e intransportável. Engraçado ter dito que 95% dos leitores das suas crónicas leêm nos seus artigos o que ele não escreveu. Se calhar agora também eu estou a pretender reproduzir o que ele não disse.

Achei interessante esta questão porque num jantar em que estive tinha sido suscitada por pessoas que respeito muito, a propósito de um poeta russo, Ossip Mandelstam que morreu num campo de concentração (A Assírio & Alvim publicou o seu livro "Guarda minha fala para sempre"). Será ou não possível traduzir poesia e o que se poderá perder na tradução.

Sobre o que é a poesia foi dito que através da mesma se pretende criar no leitor um estado poético. E, que ao contrário das definições de conto ou de romance na própria definição da poesia se recorre também à poesia.

Finalizando, pedi mesmo um autógrafo ao Pedro Mexia, gostei muito de o ouvir e achei-o muito simpático e interessante. Decididamente também quanto à crónica sobre os blind dates devo estar nos 95%...


.

2 comentários:

  1. Tudo depende dos poemas, acho que de facto alguns se podem traduzir, mas algo se perde sempre nessa tradução, porque ela já é uma interpretação do tradutor, não o original. Em alguns casos essa perda é enorme, portanto há poemas que não deveriam ser traduzidos.
    Claro que se um texto não poético (chamemos-lhe assim) admite mil interpretações, um poético admitirá um milhão.
    Deixo aqui uma citação que tenho no perfil e de que gosto muito...
    "Os meus poemas não são essas letras que espeto como pregos, mas aquilo que os outros lêem no branco que deixo no papel." (Paul Claudel)

    ResponderEliminar
  2. Já tinha lido a citação e achei-a muito interessante...

    ResponderEliminar